Ao contrário das administrações anteriores, quase não tenho visitado o Legislativo Municipal – mesmo assim, é claro, como órgão de comunicação, tenho ficado atento a tudo o que acontece por lá, até por que, nos regimes democráticos é um dos principais Poderes da República, com a nobre missão de legislar e fiscalizar. Ou seja, tudo o que acontece no Executivo é aprovado ou desaprovado pelo Legislativo.
Na sessão de ontem (07), por exemplo, por seis votos a favor e três contra foi aprovado um generoso aumento de 18% ao prefeito e ao vice; e de 36% aos secretários. Os votos contra foram dos vereadores Kleverson Takahashi (PDT), Lafaiete Ganda Meira e do Wando da Garagem, ambos do (PSDB).
Entre os que votaram contra o vereador Kleverson (PDT), está no seu primeiro mandato e ao votar, fez uma bela fundamentação do seu voto, alegando que no seu ponto de vista, esse não seria o momento mais adequado, tendo em vista a crise atual onde o país está se recuperando de uma pandemia.
Lafaiete e Wando, ambos do PSDB, não são marinheiros de primeira viagem e, antes de analisarmos os seus votos, necessário se faz examinarmos o comportamento de ambos na legislação anterior, que é bom que se diga, uma das mais desastrosas da nossa história política, tanto no Legislativo como no Executivo.
Ainda deve estar na memória de todos que, era difícil passar um mês, sem que a nossa cidade não fosse abalada por Operações e mais operações envolvendo Polícia Federal, Gaeco e Cia., o que culminou no final, com as principais lideranças que comandaram esse belo espetáculo encarcerados.
No próprio Legislativo, houve episódios onde a moral e os bons costumes foram pisoteados e varridos para debaixo do tapete com o beneplácito da maioria. Uma espécie de Sodoma e Gomorra legislativa que, queira Deus, nunca mais possa voltar a comandar os destinos da nossa cidade.
Entre os seis votos a favor cinco estão no seu primeiro mandato – Anderson Lazzeris (PDT), Evandro Ghellere (PROS), Juliane Dandolini (MDB), Eloi Rack (PL) e Raulique Farias (MDB). Marquinhos Murbak (REPUBLICANOS) é figura carimbada no Legislativo.
Quem tem acompanhado o nosso trabalho, deve se lembrar que, sempre fizemos um trabalho isento – e se hoje, a atual administração conseguiu iniciar os seus trabalhos com um ótimo saldo em caixa, deve-se muito a nossa redação.
Explico: o nosso trabalho desde o início, denunciando e levando os desvios de conduta junto ao Ministério Público, foi fundamental para que a ex-administração, tivesse o fim que todos já conhecem. Ou seja, se não fosse o nosso trabalho, com a grana que tinham em mãos, eles não só poderiam ter deixado o caixa zerado, elegidos o sucessor, como também, reeleito a maioria dos seus vereadores.
O que queremos hoje? Acredito que é o mesmo de todo e qualquer cidadão de bem – ou seja, queremos ver o progresso e o desenvolvimento da nossa cidade como um todo. Pessoalmente, tenho protocolado projetos, dados sugestões que nos ajudem a voltar a crescer e se posicionar como um município forte, pujante, com geração de emprego e renda para todos os que vivem aqui.
Volto na próxima semana a esse assunto, mas antes, deixo como sugestão aos municípes da nossa cidade que procurem se envolver mais, visitar o Legislativo e exigir do atual presidente que mude o horário das sessões para às 19h00, por exemplo, para que as pessoas que trabalham, possam a cada segunda feira, visitar as SESSÕES, olhar nos olhos dos seus representantes, reclamar e dar sugestões. Afinal, se a população não participar, fica difícil reclamar...
Como sugestão também, deixo como dica para uma boa leitura o livro "A República de Platão". Um livro fantástico, que, muito embora tenha sido escrito há séculos, é atual, pontual e, se for absorvido pode nos colocar num outro patamar.
Na alegoria da caverna, por exemplo, (514a-517c) Sócrates, dialogando com Glauco, lembra – “Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo.”
Diante da insistência de Glauco, Sócrates complementa: “E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso, eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública”.