Por José Sebastião Nunes*.
Com a proximidade das eleições municipais de 2012, temas relacionados às principais demandas sociais como segurança, educação e saúde públicas ganham espaço nas pautas de debates e demandas da população brasileira. Apesar de ser um tema pouco abordado, a gestão pública tem uma relevância maior do que se imagina. É inconcebível que prefeitos despreparados indiquem secretários de Administração, por exemplo, que nunca estudaram planejamento, organização, direção e controle. A sociedade acaba pagando pelo amadorismo dos gestores, com a baixa qualidade dos serviços prestados e a elevação indevida de impostos.
É oportuno saber que as universidades catarinenses já colocaram no mercado mais de 155 mil bacharéis em Administração, mas que poucos municípios têm aproveitado, na administração municipal, o conhecimento desses profissionais. Já aqueles municípios que alocam profissionais qualificados nos cargos de gesão têm mostrado resultados extremamente positivos e estão entre as prefeituras melhor avaliadas do Estado.
O Conselho Regional de Administração de Santa Catarina (CRA-SC), ciente de que a sociedade brasileira tem cobrado de seus gestores resultados e respeito, não vê outro caminho a não ser a profissionalização da gestão pública. Parte-se do princípio de que, se a sociedade já é sobrecarregada pela alta carga tributária, ela deveria, no mínimo, ter o retorno de serviços prestados com qualidade e isso poderia ser assegurado pela alocação de profissionais qualificados nos cargos públicos. Entre os obstáculos para a profissionalização da gestão pública, destacam-se o grande número de cargos comissionados, a terceirização irregular de mão-de-obra, a privatização de atividades administrativas, além da procrastinação na realização de concursos públicos e o detrimento da qualificação dos servidores.
Sabe-se que postos estratégicos na direção e assessoramento superior, que necessitam de conhecimentos técnicos e científicos de Administração, muitas vezes, são entregues a pessoas com qualquer formação e até mesmo sem nenhuma formação. Sendo assim, o CRA-SC defende a profissionalização da gestão pública - que significa a formação acadêmica adequada e o registro no respectivo órgão de classe para assunção a cargo técnico -, tendo em vista a recorrência de atitudes ilegais e anti-éticas de agentes públicos na gestão de recursos municipais e estaduais, por influência de interesses pessoais ou de terceiros.
*José Sebastião Nunes é dministrador, presidente do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina – CRA-SC, diretor técnico da Fundação dos Administradores de Santa Catarina – FUNDASC, professor e coordenador de Programas de Pós Graduação, Servidor público, produtor rural, consultor e conferencista, e organizador de eventos nacionais e internacionais.