Foto: Print TV Senado - Com um discurso forte e lúcido, demonstrando firmeza e inteireza de espírito, a Ministra Rosa Weber assumiu ontem, 12, a presidência do STF.
Entre os Chefes de Poder, sentida a ausência do presidente Jair Bolsonaro, que perdeu uma ótima oportunidade para fazer um discurso de reconciliação com a Nação, pedindo desculpa diante de todos os sistemáticos ataques que tem feito a Democracia e as Instituições. .
É nessas horas que faz falta uma boa assessoria de comunicação para orientá-lo. Sim! A sua assessoria poderia redigir com antecedência uma correspondência ao STF, dizendo que o presidente se sentia honrado com o convite e gostaria, se possível, fazer uso da palavra, para enaltecer e valorizar a importância da ascensão das mulheres em todos os setores que envolvem o nosso complexo sistema social, em especial numa ocasião como essa, onde uma mulher estava comandando o posto máximo do Judiciário Brasileiro.
Poderia ser aplaudido de pé, se apenas repetisse o que disse o ministro Alexandre de Moraes, quando tomou posse recentemente no STE, afirmando que o exercício da democracia garante a possibilidade periódica do eleitor escolher seus representantes, enfatizando que – “o respeito às instituições é o único caminho de crescimento e fortalecimento da República, e a força da democracia como único regime político, onde todo poder emana do povo e deve ser exercido pelo bem do povo”.
Ainda seguindo o script do Alexandre, poderia encerrar o seu possível discurso pedindo respeito a democracia, com aquele semblante que ele tem demonstrado quando entra numa Igreja Evangélica e o Pastor coloca a mão na sua cabeça. “É tempo de união. É tempo de confiança no futuro e, principalmente, tempo de respeito, defesa, fortalecimento e consagração da democracia.”
Voltando a posse da Ministra, a terceira mulher a comandar a Suprema Corte, acredito que não só elas, - mas todos os seres humanos que buscam evoluir em todos os aspectos da sua vida, deve ter vibrado e aplaudido essa Solenidade.
Mesmo num momento difícil, como o que estamos vivendo, com elegância e muita firmeza, iniciou o seu discurso dizendo: “Sejam as minhas primeiras palavras as de reverência incondicional à autoridade suprema da Constituição e de leis da República, de crença inabalável da superioridade do Estado Democrático de Direito, de prevalência do princípio republicano, com destaque à essencial igualdade entre as pessoas, de estrita observância da laicidade do Estado brasileiro, com a neutralidade confessional das instituições, e pleno exercício da liberdade religiosa”.
Lembrou a falta de segurança, a violência, a assustadora com milhares de sem teto em nossas ruas, a degradação ambiental e a pandemia que ainda não foi totalmente debelada e que ceifou milhares de vida – prestando uma homenagem “ao povo brasileiro, que não desiste da luta pela sua real independência.”
Dando um recado direto, lembrou que sem um Poder Judiciário independente e forte, sem juízes independentes e sem a imprensa livre, não há democracia. “Vivemos tempos particularmente difíceis da vida institucional do País. Tempos verdadeiramente perturbadores, de maniqueísmos indesejáveis. O Supremo Tribunal Federal não pode desconhecer esta realidade, até porque tem sido alvo de ataques injustos e reiterados, inclusive sob a pecha de um mal compreendido ativismo judicial, de parte de quem a mais das vezes desconhece o texto constitucional e ignora as atribuições cometidas a esta Suprema Corte pela Constituição.”