O último debate antes do primeiro turno, promovido pela Rede Globo, ontem à noite, foi marcado por um nível civilizatório, que preocupa.
Na reta final de uma eleição super importante para a Democracia, para o país e o mundo, colocar frente a frente vários candidatos numa eleição polarizada – e todos as pesquisas mostram isso – deu no que deu. – um oportunista como esse tal de Kelmon, fantasiado de Padre, em busca de segundos de fama, procurando tumultuar e transformar um vento como esse, num bate-boca de botequim...
Acredito que uma tragédia como essa, possa servir de exemplo para os meios de comunicação repensarem os modelos de debate para as próximas eleições. Que isso sirva de exemplo para os próximos.
O ideal seria se tivéssemos um confronto de idéias e propostas apenas entre os candidatos que ainda estão no páreo. Ou seja, Jair Bolsonaro e Lula. Os demais, - Ciro Gomes, Felipe D´ Ávila , Padre Kelmon, Simone Tebet e Soraya Thronicke - poderiam fazer um debate a parte entre si, um dia antes, ou até uma semana antes .
Debates com esse modelo, é injusto, pois se dá a oportunidade para um fantoche como esse tal de Kelmon, que fala em Jesus de Nazaré, - mas prega o desrespeito e mente descaradamente. E ainda tem a cara de pau de pedir para a Soraia, por exemplo, que o respeite como uma liderança espiritual, simplesmente por que, a candidata pediu pra ele “se durante a pandemia ele chegou a dar a extrema unção a uma das vítimas da COVID-19.”
Quando chegou a sua vez, de fazer uma pergunta a um outro candidato – ele escolheu o ex-presidente Lula – e depois de ter usado os seus 30 segundos para formular a pergunta, ele não parou e mesmo sendo advertido pelo apresentador, ele não deixava o ex-presidente falar, o chamando de mentiroso o tempo todo. Essa é uma das regras que precisam mudar. Em casos assim, a Direção do Debate tem que dar “Cartão Vermelho” e retirar um desqualificado como esse do recinto.
Aliás, sobre ofensas e direito de respostas, quem iniciou essa sessão já no primeiro bloco, foi justamente entre os dois candidatos melhores ranqueados nas pesquisas. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem liderando todas as pesquisas até o momento em 14 estados e com possibilidade de liquidar a fatura já no primeiro e Jair Bolsonaro (PL).
Os dois tiveram uma sequência de embates em que a palavra “mentiroso” foi a mais usada e jogada no ar. Bolsonaro chamou Lula de “ex-presidiário” e “traidor da pátria”. O ex-presidente não deixou por menos, dizendo que ele era um “propagador de mentiras”. Como o recurso é concedido quando o postulante foi ofendido pela fala do outro, tivemos vários, só neste bloco.
Lula, também pediu direito de resposta quando o atual presidente o acusou de participação na morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. “Não é possível conviver com alguém com a cara de pau do presidente. O Celso Daniel era meu amigo, ele foi chamado da prefeitura para coordenar o meu programa de governo de 2002. Agora, você culpar o Lula pela morte do Celso Daniel? Seja responsável, você tem uma filha de 10 anos vendo o programa”, disse Lula, com energia.
Na sequência, Lula pediu desculpa aos telespectadores, dizendo lamentar estar passando uma imagem de que estava “atrapalhando o debate”. “Confesso ao povo que está nos assistindo que eu me sinto mal. Uma sensação de estar atrapalhando o debate, quando poderíamos estar discutindo o futuro deste país”, pontificou.
Aliás, é bom que se diga que nessa sessão de ataque e defesa, quem demonstrou coragem, sangue frio e uma dose extra de determinação, foi a candidata Soraya Thoronicke (União Brasil), ao encarar o Padre Kelmon (PTB). “Para mim você não passa de “um padre de festa junina” e “cabo eleitoral” de Bolsonaro, esse candidato “nem” “nem” – “nem estuda” e “nem trabalha”, criando meme que deve viralizar nas redes sociais.
Pelo visto, escalado pelos bolsonaristas ofender a esquerda, o Padre também foi para cima do ex-presidente, que revidou chamando-o de “impostor” e “safado”. “Eu sou cristão, sou casado na igreja, batizado, crismado e frequentador de igreja. Mas eu não estou vendo na sua cara um representante da igreja. Estou vendo um impostor. Alguém disfarçado aqui na minha frente. Só não sei como conseguiu enganar tanta gente”, disse Lula.
E o Siro? Siro estava com uma outra postura..., tentou atacar o ex-presidente já no primeiro bloco e levou uma saraivada de respostas que, pelo visto, o levou na sequência a deslocar a sua metralhadora verbal, muito mais para o atual presidente, deixando nas entrelinhas que a Direção do seu partido (PDT), deve ter lhe puxado a orelha, prevendo um eventual segundo turno.
E a Tebet? Assim como a Soraya, dignificara, a presença das Mulheres neste debate...