Via redes sociais (matéria do 247) - “Meus filhos vão e voltam da escola de ônibus, tranquilo. A gente pode sair aqui duas, três da manhã, ir a qualquer lugar e nada vai acontecer. Não tem droga aqui. É uma coisa de outro mundo, só quem está aqui, vive aqui, sabe como é”, disse.
- "É uma coisa de outro mundo, só quem está aqui, vive aqui, sabe como é", conta o jogador do Shanghai Shanggang
Após oito anos jogando na China, o meia brasileiro Oscar, 32, se prepara para deixar o país. Em entrevista à Folha de S. Paulo no seu apartamento em Xangai, com vista para o rio Huangpu, o jogador falou sobre sua decisão de sair, motivada pela distância de casa e pela renovação de vínculos familiares. “Minha mãe está ficando mais velha, minhas irmãs estão tendo filhos, a gente quer estar perto”, afirmou. Ele e a esposa são de Americana, no interior de São Paulo, onde suas mães ainda vivem.
Além do desejo de estar mais próximo da família, seu contrato com o Shanghai Port termina no fim do ano, e com as novas limitações salariais da liga chinesa, as chances de renovação são pequenas. Oscar foi um dos últimos jogadores contratados sob as regras anteriores, que ofereciam salários exorbitantes. Em 2017, ele trocou o Chelsea pela China, atraído pelo que foi o terceiro maior salário do futebol mundial na época.
Com o fim do contrato se aproximando, Oscar tem opções no Brasil, Europa e Qatar, mas ainda não tomou uma decisão. Ele espera definir seu futuro em novembro, quando a temporada chinesa se encerra. “Eu e minha esposa ficamos ansiosos para ver para onde a gente vai. A gente está aqui há sete, oito anos, é uma mudança grande”, desabafou.
Mesmo com o clube oferecendo um cargo na administração após o término da carreira, Oscar ainda não pretende encerrar sua trajetória nos campos. Ele demonstrou carinho pelo Shanghai Port e vê um futuro no clube após sua aposentadoria, mas no momento, quer continuar jogando.
Aos 32 anos, Oscar sonha com uma possível convocação para a seleção brasileira, algo que se tornou mais difícil atuando na China devido à menor visibilidade da liga local. “Sei que daqui da China é muito difícil. Se for falar de qualidade, minha e dos que estão lá, não perco nada. Mas sei que na China a visibilidade é muito menor, não se transmite. O pessoal não sabe como eu estou”, explicou.
Oscar também refletiu sobre as mudanças no futebol ao longo dos anos e lamentou a falta de jogadores em sua posição de meia, que, segundo ele, está desaparecendo no cenário atual. “Gerações de hoje são diferentes da nossa. Não é que vai ficando pior, o futebol vai mudando, evoluindo”, comentou.
Um dos aspectos que o jogador mais valoriza na vida na China é a segurança e a qualidade de vida. Oscar, que é pai de três filhos, falou sobre a tranquilidade de viver em Xangai.
“Meus filhos vão e voltam da escola de ônibus, tranquilo. A gente pode sair aqui duas, três da manhã, ir a qualquer lugar e nada vai acontecer. Não tem droga aqui. É uma coisa de outro mundo, só quem está aqui, vive aqui, sabe como é”, disse. "É uma parte que vai pesar bastante porque, para onde eu for, não vai ser igual aqui, não adianta".