Meta é da Divisão de Serviços Gerais, que pretende tirar o café e o chá adoçados dos carrinhos e corredores da empresa para oferecer sachês de adoçante e açúcar.
Os empregados e colaboradores da margem brasileira de Itaipu vão deixar de consumir 18 toneladas de açúcar em 2013. O número parece alto demais, mas é exatamente essa a intenção da Divisão de Serviços Gerais, que começou em setembro um programa ao mesmo tempo simples e eficiente: em vez de adoçar as garrafas de café e chá servidas na usina, como ocorre hoje, o setor pretende oferecer ao empregado sachês de açúcar e de adoçante para que ele mesmo faça a opção entre o produto mais saudável e o mais calórico.
O volume de 18 toneladas é uma projeção feita após um projeto-piloto implantado no Escritório Central de 3 a 6 de setembro. De acordo com o gerente da divisão, Divan Saraiva da Cruz, cestas com sachê de açúcar e adoçante foram distribuídas nos corredores e carrinhos levados pelas copeiras. No período, nenhuma gota de café ou chá foi adoçada. A garrafa de café amargo, hoje exceção solitária nos corredores da empresa, virou regra.
Depois de apenas quatro dias, o resultado da experiência surpreendeu: o consumo médio de açúcar despencou de 9 quilos por dia para apenas 1,250 quilo do produto em sachê – e mais 250 gramas de sachê de adoçante. De quebra, o gasto com café também caiu: de 5 quilos diários para 3,5 quilos. Isso representa uma garrafa de café a menos em cada um dos cinco pontos de distribuição do Escritório Central.
Aí foi só relacionar o resultado aos números gerais da Itaipu. De acordo com Divan, em toda a usina o consumo de café no ano é de 28 toneladas, com média per capita de 9,05 quilos (números de 2011). Se o mesmo padrão de economia observado no Escritório Central for repetido nas outras áreas, será possível baixar o consumo do açúcar para 10 toneladas por ano – ou seja, 18 mil quilos a menos.
A experiência do Escritório Central agora será repetida em outras seis áreas da empresa: Centro Executivo, Almoxarifado, Segurança Empresarial, Informática e Shumódromo. E será já na próxima semana, de 17 a 21 de setembro.
Divan Saraiva da Cruz defende que a medida traz uma série de vantagens, como a economia no valor gasto para comprar café e açúcar; menor consumo de água, de gás e de energia; e, principalmente, o impacto positivo na saúde do trabalhador. “Enfim, é uma cadeia de reflexos positivos. Por isso, queremos implantar o mais rápido possível na empresa inteira”, completou.
A dona da ideia
A sugestão de trocar o café e o chá adoçados pelos sachês foi feita pela colega Candida Strey, também da Divisão de Serviços Gerais. Ela estranhava a falta de opção na empresa do chá sem açúcar, como prefere consumir. “A ideia é você dar a oportunidade para que as pessoas pensem no que estão consumindo. O principal impacto desta mudança é na saúde dos trabalhadores”, comentou.
Na copa do Escritório Central, de onde saem 50 garrafas de chá e café por dia, a medida também recebeu aprovação. “No começou foi um tumulto, o pessoal não reagiu bem. Mas a adaptação foi rápida. Agora já estão pedindo para que [o sachê] volte”, disse Sirlei Terezinha Alcântara, que será a responsável pelo treinamento das copeiras nas outras áreas da empresa.
Sirlei aponta outras vantagens da mudança. A preparação do chá e do café fica mais rápida, o número de garrafas em uso diminui e a quantidade de louça para lavar fica menor. Além disso, ela explica, o café adoçado perde sabor depois de apenas duas horas; já o café sem açúcar mantém a qualidade por até quatro horas.
E os consumidores, o que pensaram da mudança? “A medida é boa porque é mais econômica e é mais saudável. Além disso, a tendência é [o açúcar] ocupar menos espaço na copa e também no almoxarifado”, disse José Antonio Carmona, o Kid, que trabalha no Escritório Central. Ele confessa: “O café doce pronto eu tomo mais; já o sem açúcar, tomo menos”.
Ação consciente
A gerente da Divisão de Medicina do Trabalho de Itaipu, a médica Fernanda Cabral Schveitzer, acompanhou a experiência no Edifício Central e aprova a iniciativa. “Porque quando o café é adoçado, você cria um padrão. E as pessoas acabam se rendendo a esse padrão. Mas, quando a pessoa tem de fazer a ação consciente de adoçar o café, ela começa a se questionar sobre o quanto de açúcar consome e passa a fazer escolhas mais saudáveis”, observou.
“Então é disso que estamos falando: impactar no perfil de saúde do empregado para os próximos anos, quando ele tiver com dez anos, quinze anos de casa, e quando se aposentar. Isso tem a ver com prevenção em todos os níveis”, completou Fernanda.
Marcos Rogério Oliveira, que também trabalha no Escritório Central, conhece bem o assunto. Quando entrou na empresa, quatro anos atrás, só tomava café com açúcar. Já no primeiro exame de saúde periódico, descobriu que os níveis de triglicerídeos estavam alterados. Por isso, deixou de consumir a bebida adoçada, passou a cuidar mais da saúde, e os níveis de gordura voltaram ao normal.
“Acho que essa proposta é um incentivo à qualidade de vida do empregado. Porque se você tem o café doce, toma doce. Mas, se pode escolher, vai pensar mais e tomar menos”, avaliou Marcos Rogério.