Tribuna da Imprensa - Komla Kpogli (Resistir.info)- Dizem-nos agora que o terrorismo ameaça a África e que em nome da luta contra o mesmo trava-se atualmente uma “guerra humanitária” no Mali. Examinemos o que é realmente o terrorismo sob os trópicos.
Falsos terroristas…
Após quatro séculos de razzias negreiras transatlânticas e árabo-muçulmanas e mais de um século de colonização, as populações africanas entraram em luta pela sua libertação. Mas estas lutas foram curto-circuitadas e os seus condutores logo assassinados e substituídos por fantoches sanguinários cuja única missão é confirmar a manutenção do continente na órbita daqueles que investiram para privá-lo de todos os seus recursos – a começar pelos recursos humanos que, depois terem servido nos campos de algodão, nas minas, nos estaleiros de obras longe da África, devem continuar trabalhando para o seu bem-estar agora no próprio continente. Sob o controle de vigilantes vestidos com terno e gravata, tal como o mestre.
Infelizes os povos governados por escravos selecionados e libertos para as necessidades da causa pelos mestres que os vestem à sua imagem, criando nestes “vigilantes” a ilusão de que se tornaram seus iguais. O poder do terror que o mestre atribuiu a estes contramestres revela-se tão destruidor que certos africanos não vacilam em lamentar abertamente a substituição do colono de olhos azuis por aqueles que, pela cor da pele, pareciam serem seus irmãos.
Juventude remetida ao exílio pelo Mediterrâneo onde, se não for abatida pelos tiros dos guarda-fronteiras do Frontex , é devorada por tubarões, predação, avidez, desprezo para com as populações, violência incessante, destruição metódica de toda ideia voltada para o endógeno… eis alguns dos métodos de governo dos sátrapas.
FALTA DE ESPAÇO…
Aqui está um breve resumo do terrorismo de alguns dentre eles. O leitor nos desculpará não termos mencionado todos. É por falta de espaço e nenhuma outra razão. Assim, o leitor é convidado a completar a lista, mesmo a enumerar os crimes que não puderam ser mencionados aqui.
1. Gnassingbé 1º + Gnassingbé 2º: 50 anos no poder no Togo, pelo menos 50 mil mortos diretos por violências militar-policiais. Assassinato de Sylvanuys Olympio e a seguir o retorno do Togo ao regaço da França, pelo menos 100 mil togoleses mortos de diversas maneiras (crimes economicos, manutenção do Franco CFS, cooperação suicida, ausência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental coletiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
2. Bongo 1º + Bongo 2º: 46 anos no poder no Gabão, pelo menos 20 mil mortos diretos, pelo menos um milhão de africanos no Gabão mortos de diversos modos (financiamento de partidos políticos frances, manutenção do Franco CFA, cooperação suicida, ausência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental coletiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
3. Paul Mvondo Biya: no poder nos Camarões há 31 anos, no mínimo 40 mil mortos diretos, pelo menos um milhão de africanos do território dos Camarões mortos de diversas maneiras (crimes economicos, manutenção do Franco CFA, cooperação suicida, inexistência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental colectiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
4. Blaise Compaoré: Assassino de Thomas Sankara , de Norbert Zongo e seus companheiros, no poder há 26 anos, pelo menos 15 mil mortos diretos, no mínimo um milhão de africanos do Burkina Faso mortos de diversas maneiras (crimes economicos, manutenção do Franco CFA, cooperação suicida, inexistência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental coletiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
5. Denis Sassou Nguesso (República do Congo): criminoso reincidente que totaliza 29 anos no poder, pelo menos 100 mil mortos diretos por violências militares e policiais, saqueadores profissionais de fundos públicos com a sua família e clientes, pelo menos um milhão de africanos mortos de diversas maneiras (crimes económicos, manutenção do Franco CFA, cooperação suicida, inexistência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental coletiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
6. Omar Guelleh: no poder no Djibuti há 14 anos, mesmos crimes que os terroristas antecedentes.
7. Idriss Deby: no poder no Tchad há 23 anos, mesmos crimes que os antecedentes.
8. Alassane Dramane Ouattara (Costa do Marfim): no poder há um ano, criminoso com o FMI, onde dirigiu diretamente o Planos de Ajustamento Estruturais. Chegou à presidência transportado nos carros de combate e bombardeios franceses, acompanhados de terroristas dirigidos por Guillaume Soro desde há 10 anos, pelo menos 30 mil mortos diretos, no mínimo 50 milhões de africanos mortos via FMI e Banco Mundial a quem Ouattara serviu + crimes economicos, manutenção do Franco CFS, cooperação suicida, inexistência de infraestruturas de base de saúde, ausência de água, decadência mental coletiva sabiamente mantida…). Torturas + Manutenção das fronteiras coloniais + Escola colonial + fraudes eleitorais incessantes + Oposição e populações submetidas a um terrorismo permanente + Sabotagem da cultura africana.
Etc, etc. Todos estes terroristas beneficiam do apoio logístico, intelectual e mediático da França, bem como de outros “Amigos da África” que não hesitam em combater diretamente nas suas costas contra os africanos que atualmente “salvam” no Mali do terrorismo que corta mãos e pés. Quem libertará os africanos dos terroristas?
(artigo enviado por Mário Assis)