Foto: ReuterSStefano_Leandrini - Fonte: Tribuna da Imprensa - Carlos Chagas - Mais importante do que pesquisar os motivos da renúncia de Bento XVI, aliás, óbvios por conta da fragilidade de sua saúde, será especular sobre quem o sucederá. Um italiano, depois das surpresas vindas da Polônia e da Alemanha? Alguém do Terceiro Mundo, majoritário no Colégio de Cardeais? Um argentino? Um caribenho, peruano ou chileno? Filipino ou africano?
Senão apenas para o Espírito Santo, seria bom deixar a decisão para as naturais formações de grupos, partidos e tendências que sempre existirão na Igreja. Mas se a escolha recair num brasileiro, por imperscrutáveis motivos?
Dois cardeais despontam: D. Odilo Scherer, de São Paulo, e D. Raimundo Damasceno, de Aparecida do Norte. Ambos com passagem marcante na CNBB. O primeiro com estampa indiscutível e perfil conservador, muito a gosto da cúpula atual do Vaticano. O outro sem características físicas de realce, progressista identificado com a necessidade de acelerar mudanças mais urgentes nas estruturas eclesiásticas. Ambos capazes de exprimir ventos renovadores da instituição, mesmo em ritmos distintos.
A ninguém será dado dizer que é cedo para ilações. Há algum tempo, entre os cardeais do mundo inteiro, raciocinava-se a respeito dos desígnios da Divina Providência. Ninguém desejava apressar a decisão, aliás, surpreendente desta vez pelo inusitado da renúncia. Mas não haverá um só dos Príncipes da Igreja que, faz muito, não tenha pensado na sucessão de Bento XVI. E quem pensa costuma formular. Projetar, para não ser ultrapassado. Por conta disso, a partir de ontem, entraram em nova fase diversos projetos essencialmente humanos.
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"Uma coisa é o Ratzinger professor e acadêmico, que era extremamente gentil e inteligente, além de amigo dos estudantes. Dava metade do salário aos estudantes latinos e da África. Outra coisa é o Bento XVI, que exerce função autoritária e centralizadora, sem misericórdia com homossexuais e [adeptos da] camisinha", analisa o teólogo e professor universitário Leonardo Boff.