Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional - O objetivo da medida é evitar a mortandade de peixes verificada até cinco dias após o transporte entre os açudes particulares e o lago de Itaipu.
A Divisão de Reservatório da Itaipu Binacional pretende assumir a produção dos alevinos que abastecem os pescadores da Bacia do Paraná 3 (BP3). Atualmente, todo o material (de 40 mil a 80 mil unidades por ano) é comprado de fornecedores particulares.
O objetivo da mudança, de acordo com Celso Carlos Buglione Neto, de Itaipu, é
evitar (foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional) a mortandade de peixes, verificada até uma semana após o transporte aos tanques-rede instalados no lago de Itaipu. Em alguns lotes, a perda chega a 100%.
Celso Buglione disse que a principal causa das mortes é a mudança brusca de ambiente. Atualmente, a produção de alevinos é feita em açudes particulares, escavados na terra, que apresentam uma água mais turva, rica em nutrientes e em alimentos vivos – como larvas de insetos e microcrustáceos.
Já a água do reservatório de Itaipu é mais cristalina e pobre em nutrientes. Por isso, após o transporte dos viveiros de terra para os tanques-rede, os peixes não conseguem se adaptar, desenvolvem enfermidades e morrem depois de alguns dias.
A solução encontrada pelos técnicos da usina é levar o processo de produção para o laboratório do Portinho, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), utilizando a água do próprio reservatório e controlando a alimentação. “Reproduzimos as condições [nutricionais] do açude, mas em água clara”, explicou.
Na primeira experiência desenvolvida em laboratório, com 10 mil alevinos da espécie Pacu, o índice de sobrevivência chegou a 90% e animou a equipe. Agora, uma nova leva está em produção no Portinho.
“A fundamentação para a metodologia está desenvolvida. Faltam agora aperfeiçoar o sistema e aumentar a escala [da produção]. Nossa meta é tornar o sistema o mais barato possível para que o pescador incorpore a tecnologia”, antecipou.
Como funciona
Na primeira etapa do processo, peixes reprodutores são levados ao laboratório, para desova. Em seguida, esses ovos são incubados, até eclodir, liberando a larva.
Com cinco dias de vida, as larvas são transferidas para tanques de mil litros e alimentadas com micro-organismos – da mesma forma que ocorreria nos açudes.
Quando a larva começa a apresentar todas as características fisiológicas de um peixe adulto, entre 10 e 15 dias, já é considerada um alevino do tipo 1 (malha de 0,1 centímetros). Conforme se desenvolvem, os alevinos são classificados como de tipos 2 e 3.
Todo o ciclo, da incubadora até a transferência para o tanque-rede, dura em média 30 dias. Já no reservatório, o peixe leva até 12 meses para atingir 600 gramas, que é considerado o peso comercial para o abate.
Atividade econômica
O trabalho no Portinho é importante para impulsionar uma atividade econômica que cresce na região. De acordo com o coordenador do programa Mais Peixes em Nossas Águas, Irineu Motter, a atividade beneficia cerca de 800 pescadores entre Guaíra e Foz do Iguaçu, em 63 pontos de pesca autorizados pelo Ibama.
Além da venda, a produção é destinada para aldeias indígenas da região e para a merenda escolar. Somente nos cerca de 500 tanques-rede distribuídos na área do reservatório, a produção no ano passado chegou a 51 toneladas de peixe; neste ano, a meta é alcançar 75 toneladas.
A Itaipu
A Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e renovável do planeta e foi responsável, em 2012, pelo abastecimento de 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 72,5% do Paraguai. Em 2012, superou o próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.287.128 megawatts-hora (98,2 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.