Fonte: Tribuna da Imprensa - ROMA – A Igreja Católica já tem um novo Sumo Pontífice. Surpreendendo os analistas, que previam a escolha somente a partir de quinta-feira, a fumaça branca sinalizou às 19h06m (15h06m no Brasil) ao mundo que os 115 cardeais reunidos no conclave já escolheram um sucessor para Bento XVI, que renunciou em fevereiro.
Numa escolha que surpreendeu até os vaticanistas, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito no novo papa da Igreja Católica. O nome foi anunciado após o fim do conclave na Capela Sistina, que durou dois dias. É o primeiro papa latinoamericano. Ele adotará o nome de Francisco I.
O nome do cardeal não apareceu em nenhuma lista dos favoritos ao pontificado. Jesuíta, o novo papa é considerado uma pessoa muito simples, que não adota um dom professoral. Também é descrito como discreto e eficaz, mas de grande carisma.
Bergoglio nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936 e era arcebispo da Arquidiocese de Buenos Aires desde 28 de fevereiro de 1998. Recebeu a ordenação presbiteral no dia 13 de dezembro de 1969, pelas mãos de Dom Ramón José Castellano. Foi ordenado bispo no dia 27 de junho de 1992, pelas mãos de Antonio Quarracino, Dom Mario José Serra e Dom Eduardo Vicente Mirás.
Foi criado cardeal no consistório de 21 de fevereiro de 2001, presidido por João Paulo II, recebendo o título de cardeal-presbítero de São Roberto Bellarmino.
FUMAÇA BRANCA
Nesta quarta, duas votações anteriores já tinham sido realizadas, sem que os 115 cardeais conseguissem chegar à uma conclusão. O debate foi retomado às 16h50min (12h50min pelo horário de Brasília). Já a fumaça branca foi vista por volta das 19 horas em Roma (15 horas em Brasília).
Além do mau tempo, muitos fiéis deixaram de ir até a praça devido à expectativa de que a escolha aconteceria apenas na quinta-feira. O jornal italiano “La Stampa” publicara em sua manchete de quarta “Um novo Papa amanhã”. Pela manhã já haviam sido feitas duas votações sem que nenhum cardeal conseguisse os 77 votos mínimos para ser escolhido.
Os sinos da torre da Basílica de São Marcos começaram a tocar no momento em que a fumaça branca apareceu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. Poucos instantes depois, os sinos da Catedral de Milão e da Catedral de Florença também começaram a repicar, num movimento que se seguiu em igrejas de todo o mundo, como em Belém.
O nome escolhido pelo pontífice é um indício da tendência que ele seguirá em seu pontificado. Francisco I pode indicar uma tendência preferencial para os pobres.
CRISES A RESOLVER
O novo Pontífice terá de carregar o fardo que, fevereiro, Bento XVI declarou estar além de sua capacidade física. A Igreja sofre com denúncias de abuso sexual contra crianças e o caso “Vatileaks”, no qual o próprio mordomo do Papa vazou documentos revelando corrupção e brigas por poder dentro da Cúria, a burocracia do Vaticano. Outros abalos vieram da rivalidade com outras igrejas, o avanço do secularismo, em especial na Europa, e problemas administrativos no Banco do Vaticano.