Fonte: Tribuna da Imprensa - Roberto Nascimento - A entrevista concedida pelo Papa Francisco ao repórter Gérson Camarotti é simplesmente sensacional, diria até que é revolucionária.
O papa franciscano falou sobre tudo com uma simplicidade assustadora. Tocou na desumanidade do capitalismo, que coloca os dois extremos a margem da sociedade (jovens e idosos), que ele chamou de cercanias, ou seja, no corner e também que provoca a multiplicação de mendigos nas grandes cidades, expostos a fome e ao frio do inverno.
Falou sobre discriminação dos velhos, que os poderosos colocam a pecha de improdutivos e caros para a sociedade e por isso congelam suas aposentadorias criando dificuldades para a compra de remédios cada vez mais caríssimos.
Disse Sua Santidade, que os jovens que não protestam, que não são revolucionários e utópicos não têm sua admiração. Simplesmente genial. O Papa é um filósofo radical.
MASSA DE MANOBRA
Entretanto, o Pontífice alertou para que a juventude não sirva de massa de manobra de grupos e pessoas inescrupulosas, que claro tentam tomar posse das manifestações espontâneas.
Com muita tranquilidade respondeu sobre o escândalo do VaticanLeaks do Banco Ambrosiano e o monsenhor que tentou levar 20 milhões de dólares da Suíça para a Itália, segundo reportagem nos jornais italianos.
O Papa demonstrou uma sinceridade santa e ainda deixou claro que fará reforma profunda na Cúria. A propósito reafirmou que a Igreja deve mudar sempre, de acordo com as épocas, dizendo que a Igreja de hoje não pode ser a mesma da Idade Média.
Pontuou que as organizações não são perfeitas e que volta e meia necessitam de ajustes contra quem pratica maldades e atos de corrupção.
Desde João XXIII não se via um Papa tão identificado com as causas sociais e preocupado com a exclusão social reinante no mundo atual. Demonstra, sem tirar nem por, uma preferência pelos pobres, pelos jovens e pelos idosos, nada diferente da vida de Jesus Cristo