As fotos, feitas ao longo da década de 1980 e
início dos anos 90, ainda provocam o mesmo impacto de quando foram publicadas
em livro e exibidas nas mais importantes cidades do mundo. Mescla de reportagem
e arte, a mostra “Trabalhadores”, de Sebastião Salgado, está em cartaz no
Ecomuseu de Itaipu, em Foz do Iguaçu.
A exposição traz 150 fotos de uma série de 29
reportagens sobre trabalho manual que contam – segundo depoimento do próprio
fotógrafo – “o fim da grande Revolução Industrial”. Salgado registrou
trabalhadores de 25 países, principalmente do Terceiro Mundo, mas também da
França, Polônia, Rússia e até dos Estados Unidos. Foram essas reportagens que tornaram
Salgado aquilo que ele nunca quis ser: uma celebridade.
“Meu trabalho não é arte e eu certamente não
penso em mim como um artista: é reportagem”, diz o fotógrafo, que esteve em Foz
do Iguaçu na abertura da exposição, no dia 6 de junho. "Eu sou antes de
tudo um jornalista", reafirma.
“Infernos”
O seu método de trabalho, no entanto, é o de um
artista. Cada foto sua, sempre em preto-e-branco, exige paciência e muito
trabalho. Ele mesmo repete, rindo, o comentário de alguém que acompanhou a
produção de algumas das fotos: “Sebastião, ver você trabalhar é como contemplar
como cresce a grama”.
Foi assim que ele conseguiu resultados
fantásticos em “infernos industriais” que incluem o garimpo de Serra Pelada, no
Brasil, as minas de enxofre na Indonésia, os estaleiros de desmanche de navios
em Bangladesh, a pesca de atum na Sicília, a escavação de canais de irrigação
na Índia, um fétido matadouro em Dakota, no Sul dos Estados Unidos e o combate
a incêndios colossais em poços de petróleo no Kwait, entre outros trabalhos e
países.
Na Europa
Em meados dos anos 1990, depois da publicação do
livro “Trabalhadores”, que se encontra esgotado no Brasil, a exposição passou
por praticamente toda a Europa. Em Madri, na Espanha, duas mil pessoas por dia
fizeram fila para ver a mostra, na Biblioteca Nacional, durante seis semanas.
Quando a exposição chegou ao Royal Festival Hall,
de Londres, o jornal “The Independent” classificou as fotos de Salgado como
“irrepreensivelmente românticas” e destacou que elas registram “os operários do
mundo”, aqueles “que ainda trabalham com a mão e o suor de seu rosto”.
Gênesis
Além da mostra “Trabalhadores”, em Foz do Iguaçu,
Sebastião Salgado tem outra exposição em cartaz no Brasil – “Gênesis”, uma
coleção de 245 imagens capturadas em oito anos de viagens aos lugares mais
extremos e impressionantes do planeta.
A exposição já passou pelo Rio de Janeiro, São
Paulo, Santo André, Porto Alegre e atualmente está em cartaz em Belo Horizonte,
até 24 de agosto, no Palácio das Artes.
Aniversário
A exposição no Ecomuseu, uma iniciativa da Itaipu
Binacional, com patrocínio da Renault do Brasil e Instituto Renault, é em
comemoração aos 40 anos da usina (17 de maio) e aos 100 anos de Foz do Iguaçu
(o aniversário foi em 10 de junho).
Segundo Paulino Motter, coordenador do projeto e
assessor do diretor-geral brasileiro da Itaipu, a exposição homenageia “os mais
de 100 mil trabalhadores que estiveram envolvidos na construção da usina e que
merecem ser lembrados neste aniversário”.
Ingressos
e horários
A exposição ficará aberta ao público até 7 de
setembro, período que abrange as férias escolares e a Copa do Mundo. O horário
de funcionamento é de terça-feira a domingo, das 8h30 às 16h30.
A entrada no Ecomuseu de Itaipu é gratuita para
os moradores de Foz do Iguaçu e dos demais municípios da área de influência de
Itaipu (29 municípios da Bacia do Paraná 3).
Visitantes de outras
localidades ou estrangeiros que adquirirem ingresso para a visita especial à
Usina de Itaipu ganham ingresso de cortesia para o Ecomuseu.
A Itaipu
A Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e
renovável do planeta e foi responsável, em 2013, pelo abastecimento de 17% de
toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Em 2013, superou o
próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.630.035
megawatts-hora (98,63 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão
empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e
ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico,
sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro
chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor
desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo,
impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.