Milton
Corrêa da Costa
Apesar da permanente estratégia da chamada corrente progressista que
insiste na descriminalização e legalização de drogas, cuja Comissão Comissão
Global de Política sobre Drogas, encabeçada pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, acaba de lançar um curta-metragem (3 minutos), sob o título
"Guerra ao Drugo", onde a metáfora pretende desconstruir a ideia da
repressão e da criminalização das drogas, salientando a violência resultante da
ação contra o dragão que simboliza as drogas, penso que não se pode se render
totalmente ao dragão. Metáfora é uma coisa, realidade é outra totalmente
distinta.
O perigo de descriminalizar e legalizar drogas é escancarar. ainda
mais, a porta de entrada por onde mais e mais jovens ingressarão, num caminho
quase sem volta, e iminente. Por isso apresento dez razões para, por exemplo,
não legalizar o uso da maconha, ressalvados os reconhecidos casos de
necessidade da cannabis para uso estritamente medicinal.
Aí estão os dez perigosos efeitos possíveis que poderão ser
resultantes da legalização da maconha:
- aumento
do consumo e do número de usuários e dependentes;
-
crescimento de doenças psiquiátricas;
- aumento
do número de internações em clínicas e hospitais;
- aumento
do custo com despesas médico-hospitalares, através de verbas do SUS, para
atender mais dependentes;
-
legalização de mais um câncer social, já não bastasse todos os males causados
pelo uso do álcool e do cigarro;
- porta
aberta para os jovens no consumo de drogas mais pesadas, nocivas e até letais;
- incerteza
quanto ao fim do estigma social;
- traficantes
continuariam de posse de seus arsenais;
- criação
de um mercado paralelo ao estado e aos concessionários legalmente
estabelecidos, despertando, a possibilidade do contrabando e o interesse de
cartéis internacionais das drogas, sendo o Brasil hoje não tão somente um a
rota de passagem mas um país de grande consumo de maconha e cocaína;
- aumento
do número de acidentes de trânsito pela mistura
álcool+maconha+energéticos+direção.
Não bastasse isso selecionei aqui dois depoimentos de especialistas em
drogas da área médica, para reforçar a tese da não legalização. Aí estão os
depoimentos:
"Na
década de 60, quando a concentração do THC (tetrahidrocanabinol), o princípio
ativo da maconha, era bem menor, pesquisas já apontavam para o aumento de três
vezes o risco do desenvolvimento de psicose esquizofrênica".
Valentim
Gentil Filho ( Professor de Psiquiatria da USP com doutorado em
Psicofarmacologia Clínica pela Universidade de Londres )
"A
maior preocupação é com o adolescente. Até os 22 anos o cérebro ainda está em
formação e pode ser afetado pelo uso da maconha, reduzindo o QI e causando
doenças psiquiátricas ".
Fabricio
Moreira ( Professor de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
)
"Já é
aceito, pela maioria dos psiquiatras, que fumar e ficar dependente da maconha, aumenta
o risco de psicose no indivíduo, mais especificamente a esquizofrenia"
Killian A.
Welch ( Médico da Universidade de Edimburgo (Escócia )
Portanto, como se vê, descriminalizar drogas pode ser autêntico
tiro pela culatra. Uma emenda pior que o soneto. Quer queiramos ou não o que
ainda segura um pouco a expansão do consumo de drogas é o seu caráter
proibitivo. Não podemos deixar a juventude brasileira a mercê do "Dragão
das Drogas". A melhor estratégia, na guerra contras as drogas, continua
sendo a prevenção, a repressão qualificada e a internação para tratamento dos
dependentes que realmente necessitam. Concomitantemente é preciso investir na
prevenção primária contra a violência com escola de tempo integral. ensino
profissionalizante, .programas sociais, emprego e geração de renda. Drogas não
agregam valores sociais positivos.
Milton
Corrêa da Costa é tenente coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro e estudioso
em violência urbana