Eliene Gomes - Brasília, DF, Brasil ·
Hoje resolvi deixar a aula sequencial de lado e falar um pouco sobre a jovem República brasileira. Digo jovem, porque, apesar de ter 126 anos, ela foi impedida de amadurecer, interrompida, inúmeras vezes, por golpes civis e militares.
Alunos do 8°ano do Ensino Fundamental, que por uma questão de currículo ainda não estudaram o período republicano brasileiro ficaram surpresos e intrigados ao verificarem o quanto a nossa centenária República foi agredida por jogos políticos ao longo da história.
Analogias com o contexto político atual foram inevitáveis, dado o iminente risco de ruptura institucional que vivenciamos. Como será depois? Foi à principal pergunta. Que ficou sem resposta!
Verifiquei que muitos alunos acreditam, ou melhor, muitos têm a certeza, de que a Presidenta pode ser retirada do cargo devido a má gestão ou preço alto do pão. Pude perceber, então, a fragilidade do conceito de Democracia, nas cabeças adolescentes. Eles simplesmente acreditam que, se a Presidenta for enxotada, pela maioria do Congresso, ela deve sim, sair do cargo. Quando questionei: Mas e o voto?? E as eleições diretas?? Fiquei sem resposta!
Assumo, como professora de História, minha responsabilidade pela total incompreensão dos meus alunos sobre o sistema politico democrático, sobre nossa democracia representativa.
Verificada essa lacuna, tentei mostrar que fora da democracia e do respeito à legitimidade das urnas, o futuro é incerto e poderá ser obscuro. Basta lembrar da Ditadura do Estado Novo, nos anos Vargas, ou do Regime Militar, períodos em que tivemos nossos direitos políticos suspensos e fomos submetidos a cruéis regimes de exceção.
Na verdade, se levarmos em consideração apenas os anos em que tivemos eleições diretas, universais e sem as fraudes da República Velha, nossa efetiva participação política no processo eleitoral tem pouco mais de quarenta anos, e não corridos.
Considerando então, a instabilidade da nossa República, fica mais fácil compreender o período atual. Entretanto, a compreensão, torna o momento ainda mais surreal, visto que, o conhecimento histórico deveria nos levar incondicionalmente à defesa da nossa jovem e frágil República, defesa essa, que não tenho visto, infelizmente!
Ainda assim, a minha crença (meio profana) de que "só o conhecimento liberta" me faz continuar tentando