Texto: João Maria Teixeira da Silva
Fotos: Delci Catarina Roos da Silva
O Espetáculo “O Príncipe e o Mundo”, apresentado no último dia 30 de novembro no CPC Arandurá de Medianeira, cuja direção é da professora Chirle da Silva, conta com a participação especial do Grupo Teatral Téspis e o apoio da Prefeitura Municipal de Medianeira, através da Secretária de Cultura Maria Elena Barp.
É um espetáculo, cuja encenação deveria ser replicada em todos os bairros. Uma obra de arte que reforça os laços de afetividade, sociabilidade, respeito e cidadania, servindo de exemplo para os demais, tendo em vista que os atores principais são filhos e filhas, membros da própria comunidade.
Espetáculos assim, encenados por jovens que estão começando a despertar para a vida são momentos de evolução mental/espiritual onde eles podem sentir e viver, compartilhar e transmitir o seu próprio desenvolvimento artístico/cultural.
Como nos afirmava o escritor e um dos grandes líderes espirituais da humanidade, Pietro Ubaldi, “o progresso da arte reside em manifestar, com evidência cada vez mais límpida e com maior profundidade, a beleza do pensamento substancial de harmonização, isto é, a expressão, na forma intuitiva do belo, da evolução de todas as coisas que observamos”.
Com muita simplicidade, música, dança, interpretação e criatividade, o espetáculo demonstra as sutilezas do dia a dia, o espetáculo da vida real, o retrato da indiferença com os seus atores nada convencionais.
Com uma boa dose de ingenuidade, a “Menina Cientista”, interpretada por Camila, por exemplo, que no espetáculo apresenta a máquina fotográfica que ela mesmo criou e que fotografa a alma das pessoas, demonstra o quanto somos preconceituosos, o quanto somos feios por dentro quando fazemos uma leitura das nossas emoções e dos nossos pensamentos.
Enfim, esse é um Espetáculo que não deve ficar relegado a uma ou outra apresentação – seria importantíssimo que a Secretaria de Cultura e Esportes conseguisse reprisar as suas apresentações numa agenda que possibilitasse mais e mais jovens assistir, participar e, na medida do possível interagir com a própria obra.
Ao demonstrar ao vivo e a cores de que o preconceito é um sentimento hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal imposta pelo meio, o próprio preconceito é desmistificado, demonstrando na sequencia que a riqueza é um estado de espírito, uma postura interior que inclui uma maneira próspera de pensar e agir.
No meu ponto de vista, o bom deste Espetáculo é que, ao mesmo tempo em que ele procura demonstrar que a “Educação é a Palavra Chave”, ele o faz com alegria, com entusiasmo e com essa energia própria da nossa juventude.
O diálogo entre o Príncipe e a Menina, interpretado pela jovem Camila, é pontual – “...havia um senhor, muito sábio que dizia: “A Educação é a palavra-chave”. E a menina adormece repetindo as palavra do Pai... Educação é a palavra-chave, palavra chave...
São vários os diálogos durante o espetáculo, em que o público se sente interagindo, como parte integrante do espetáculo. E como nos ensina o próprio autor do livro o Pequeno Príncipe, cuja obra é a alma e a inspiração deste Espetáculo, “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.
Diz o Príncipe: “A solução está aqui (aponta para o livro), aqui (aponta para o coração da rosa), aqui (aponta para o coração da menina). E mostra para a menina que a saída para tudo está no seu quarto, nos livros que o cercam está o conhecimento que o ser humano precisa para se livrar da ignorância, que cria o preconceito e faz do mundo atual o que estamos vendo e vivendo ao vivo e a cores...”. Um belo Espetáculo!