Ao promover a Primeira Festa Junina de Rua de São Miguel do iguaçu, podemos dizer que a nossa cidade deu um importante passo para impulsionar a estrutura emocional/cultural de suas Ruas e Avenidas.
A organização ficou a cargo da ACISMI - Associação Comercial e Industrial de São Miguel do Iguaçu. Teve como patrocinadores a Uniguaçu, Sicoob e Sicredi e contou com o apoio do Plano Saff e Secretaria de Cultura! Como parceiros: Wizard Escola de Idiomas, CMEI Jacira Bongiolo Verona;Escola Teodoro Antônio Bortoluzzi; CEEBJA; Escola Estadual Pedro Viriato Parigot de Souza; Colégio Estadual do Campo de Santa Rosa do Ocoí e Colégio Nestor Victor dos Santos.
Temos que admitir que foram dados apenas os primeiros passos. O importante é se conscientizarmos de que essa semente lançada ao solo pode germinar, prosperar, transformar, elevar e demonstrar todo o nosso potencial artístico cultural muito além do que imaginamos.
O simples fato de vermos as bandeirinhas coloridas, o quentão e as barraquinhas tomando conta das ruas e o povo circulando e celebrando essa data é motivo de muita alegria. Parabéns aos Organizadores pela coragem e a determinação de buscar alternativas que possam impulsionar o nosso desenvolvimento econômico e social – aumentando-se assim a autoestima das pessoas gerando impactos positivos na geração de emprego e renda, na qualidade de vida e no ressurgimento de um novo tempo de união e paz.
Como não se emocionar quando vemos descendo e subindo, rodando e saracoteando, crianças, jovens e adultos bailarinos dançando e cantando as principais obras primas formadas por quadrilhas exaustivamente ensaiadas e lapidadas durante meses nas escolas, nas associações, nos bairros e nos distritos?
(foto: internet) Como não se emocionarmos com musicas como essa composta por Moraes Moreira e Abel Silva, na voz de Elba Ramalho que fala precisamente sobre a festa de São João, onde "o que explodia era o amor". “Fagulhas / Pontas de agulhas / Brilham estrelas / De São João... / Babados Xotes e xaxados / Segura as pontas / Meu coração... / Bombas na guerra-magia / Ninguém matava / Ninguém morria... / Nas trincheiras / Da alegria / O que explodia / Era o amor...”
O mais importante na organização de eventos como esse, é mantermos o vínculo cultural com as suas origens (forrós, baiões e xaxados típicos das comemorações juninas), especialmente na abertura do evento. Pequenos gestos como esse terminam não só fazendo toda a diferença em termos de alegria e descontração, como também, valorizando a cultura como um todo e unindo o país de um extremo ao outro respeitando as suas singularidades.
Asa Branca, seja na voz do Gonzação, o Rei do Baião ou no gogó de qualquer outro bom interpretador, no meu ponto de vista, tem que ter presença obrigatória na abertura de um evento como esse – eu diria que essa música é um hino sagrado da música nordestina e uma das mais importantes da nossa história. “Quando olhei a terra ardendo / Qual fogueira de São João / Eu preguntei a Deus do céu, uai / Por que tamanha judiação / Que braseiro, que fornaia / Nem um pé de plantação / Por farta d'água perdi meu gado / Morreu de sede meu alazão / Inté mesmo a asa branca / Bateu asas do sertão / "Intonce" eu disse adeus / Rosinha Guarda contigo meu coração / Hoje longe muitas léguas / Numa triste solidão / Espero a chuva cair de novo / Para eu voltar pro meu sertão / Quando o verde dos teus oio / Se espalhar na plantação /Eu te asseguro não chore não, viu / Que eu voltarei, viu / Meu coração”
E o que falar então dessa música de Dominguinhos, perfeita para ditar o ritmo, deslanchar a festa, unir e fazer pulsar os corações – “Isso Aqui tá Bom Demais”: “Olha, isso aqui tá muito bom / Isso aqui tá bom demais / Olha, quem ta fora quer entrar / Mas quem tá dentro não sai”.
O fato é que a nossa cultura não só em termos de São João, mas em todas as vertentes é imensamente rica e de uma alegria contagiante que não existe em nenhum outro lugar no mundo.
Ainda ontem (24), ao acessar as redes sociais, me deparei com essa foto da São Miguelense Tatiane Amboni, vestida a caráter de mãos dadas com as duas filhas desfilando pela Rua Castro Alves e ao lado da postagem essa pérola: “vivi minha infância aqui, como não amar”.
Não me contive e escrevi em baixo: “ Viva São João ao som de Asa Branca, então... e se for na Castro Alves descendo ladeira segurando nas mãos duas meninas lindas com esse sorrisão... perfeito”.
Na sequência, o nosso artista plástico, poeta e escritor, Celito Medeiros, emendou: “Ah, Castro Alves... Sinceramente minha rua predileta. Rua do Victor, sabe, o Nestor dos Santos. A rua do Cemitério, lá pela tantas da vida. A rua que desponta, na ponta, para a Igreja, nenhuma outra de frente... A rua dos Amboni, não apenas em uma parte, mas à parte, lembranças de meu amigo da serraria, sabe, quase em frente ao cemitério. Nem vou falar do consultório ondontológico, com a maior lógica Nardeli. Nem lembro mais da Casa Aurora ou do Supermercado, o primeiro da cidade... Ah, sim, o Bar do Bonassa, sem qualquer dano ou ameaça, saudades de um certo Corbari, meu mentor da poesia... Ah, do Açougue, nem vou dizer de quem, do bar, sem citar meu amigo Carradore... Da primeira e segunda loja Pagot, todos sabem... Putz, lembrei talvez da primeira Metalúrgica, lá perto do Cemitério... Está bem, lembrei de tantos outros endereços da CASTRO ALVES, até do meu rsrs. Viu João da Silva, meu amigo, como ainda tenho lembranças? São meus amores, minhas memórias, foi difícil não citar algumas... São João, Tatiane? Pois é, que beleza o mês de Junho! Afinal, o mês que nasci rsrsr”.
É a isso que me refiro. A semente foi lançada ao solo, que venha às próximas Festas de São João e, mais uma vez, Parabéns aos Organizadores e ao Comércio local que abraçou e amou a ideia...