Da Assessoria - O escritor André Resende lança, neste final de 2017, dois novos romances. Penélope Africana, pela editora Cubzac (www.cubzac.com.br), responsável por todos os seus livros. E Diasassados, pela editora InMediaRes (wwwinmediares.com.br), do Rio de Janeiro, recém-criada.
Dois romances no mesmo tempo é uma coincidência. Penélope Africana seria publicado no ano passado, mas a editora preferiu uma melhor data e decidiu lançar em novembro deste ano. O romance Diasassados estava pronto, mas André queria mexer mais um pouco e atendeu à solicitação da escritora Ana Beatriz Manier, editora da InMediaRes, para que ele entrasse no projeto com um novo livro.
Penélope Africana é um romance baseado na possível vida de Cândida Maria da Conceição, africana que vinha para ser escrava em Pernambuco quando o barco foi capturado pela marinha brasileira. Por lei, ela seria africana livre, sob custódia do estado que a arrendaria por catorze anos a uma família local encarregada de oferecer moradia, trabalho, educação e religião.
Como a maioria era menor de idade, essa formação era indispensável, embora só acontece a parte do trabalho e moradia quase nunca aceitável. Cândida aprendeu o ofício de vendedora de tecidos e decidiu pedir emancipação à justiça, para ela mesma ser responsável por seu arredamento. O juiz negou por duas vezes e a corte nacional de justiça nem mesmo respondeu a seu pedido. A história de Cândida está circunscrita a poucas páginas de registro forense.
André Resende, então, decidiu reconstruir a história, embora os registros de como Cândida vivera só fossem possíveis a partir de uma ideia geral de como vivia qualquer mulher negra na cidade do Recife do Século XIX. Em lugar de um projeto biográfico, André criou um romance, na primeira pessoa, em que a personagem Yaá conta como foi sua vida – e sua luta -, desde criança, na África, até seu último dia, em Recife.
É um romance emocionante, que segura a leitura da primeira até a última frase.
O autor tem uma linguagem forte, um estilo maduro e seguro e costuma chamar atenção, em especial, de jovens leitores, sobretudo, porque seus livros Uma Coisa De Cada Vez e Birdboy fazem parte de programas nacionais e estaduais de leitura, chegando a adolescentes e universitários.
Desdobramento do romance
Da personagem Yaá, nome que Cândida ganha em Penélope Africana, está nascendo uma entidade civil chamada Instituto Casa de Yaá (https://www.facebook.com/casadeyaa/), com apoio da Secretaria Estadual da Mulher de Pernambuco. A entidade tem, como primeiro compromisso, levar ao Supremo Tribunal de Justiça um pedido de atenção à solicitação de Cândida Maria da Conceição para que ocorra uma emancipação tardia, pois a solicitante era capaz de viver por conta própria, embora a interpretação do juiz tenha agido em contrário. Não se trata de fazer homenagem a Cândida, mas de conceder a ela uma emancipação tardia. Para ela e em nome de todas as africanas livres que tenha solicitado ou não a emancipação. A Casa de Yaá também vai apoiar adolescentes pobres e negras de Recife que estejam se preparando para os exames do ENEM com o objetivo de entrar em faculdades públicas para os cursos de medicina, engenharias e ciências da natureza, onde o número de garotas negras é insignificante. E vai apoiar mulheres negras pobres que queiram abrir pequenos comércios individuais, assim como fazia Cândida, que era uma vendedora de tecidos de porta em porta. O dinheiro para a realização dos trabalhos da Casa de Yaá vem de fontes diversas. Uma delas é metade dos direitos autorais do livro Penélope Africana no Brasil. Outra será o apoio de mulheres de todo o mundo que contribuirão com a iniciativa.
Diasassados
O segundo romance que André Resende lança é Diasassados. A primeira versão deste romance tem mais de duas décadas. Há alguns anos, André fez uma segunda edição e esperou. A Cubzac, sua editora no brasil, não teve interesse pelo romance naquele momento. Ele enviou uma cópia apara a escritora e editora Ana Beatriz Manier que leu e teve interesse de publicar por sua editora, InMediaRes, que seria lançada no final de 2017. André achou a ideia boa, ouviu comentários e sugestões de Ana Beatriz e trabalho em uma nova edição. “A edição final deste romance foi um trabalho a dois, pois eu estava concentrado na preparação final de Penélope Africana e Ana Beatriz, como editora, sugeria e ajustava o texto final comigo. Sem ela, eu não aceitaria lançar o romance agora”, comenta André.
O romance conta um fragmento na vida do neurocientista Noam Soisa. Quando ele conta, sua vida parece estável e organizada. Mas houve um momento, em sua juventude, quando saía com mulheres sem saber nem mesmo o nome, que se vu perseguido por um espírito, uma mulher que se mantinha tão próxima dele a ponto de fazer toda e qualquer mulher se manter dele afastado. Isso aconteceu em uma época que ele se sentia guiado pela razão e se iluminava por frases e ideias de filósofos iluministas alemães, lidos em português. Aos poucos, diante da possibilidade de acolher o espírito da garota, Noam vai refletindo sobre a importância da razão em sua vida. É uma linda parábola sobre a dimensão das ideias na vida e da vida que evolui à medida que as ideias são vividas. Diasassados é um romance especial, resultado de um escritor maduro em suas ideias e estilo. Um romance sobre a cultura da masculinidade e uma reflexão sobre a maneira do homem pensar.
Penélope Africana e Diasassados são, respectivamente, décimo e décimo primeiro livro na carreira de André Resende. Sua obra de escritor inclui ficção, ensaios e teatro. Mundo Enquadrado, ensaios. Zômis - em torno do masculino, ensaios. Psicanálise
Quem Sou Eu, infantil. (programas municipais de leitura). Ermitongo, infantil.
Amor Vário, romance. Birdboy, romance, (programas estaduais de leitura)
Uma coisa de Cada Vez, contos. (Programa Nacional de Bibliotecas). Maçã Caramelada, teatro. Quem disse sim, poesia.