Ele é simpático, autêntico, criativo e gosta de colecionar objetos antigos e transformou grande parte da sua residência numa espécie de “museu” particular. Estou falando de Juvenal Rufino Lira, uma figura. Como atleta, por exemplo, jogando futsal, suíço e futebol de campo, foi um dos atletas mais premiados do município.
Em visita a sua residência, na semana passada, o encontrei ao lado da sua esposa Janete e o que me chamou atenção foi o carinho, o valor e a estima que ele e sua esposa tem por objetos usados e, é claro, pelos troféus e pelas dezenas de medalhas que conquistou na sua carreira vitoriosa de desportista amador.
Falando em esporte, segundo ele, o que mais o dignificou como pessoa humana no campo esportivo não foi à conquista dos títulos, troféus e medalhas. “O que mais sinto saudade foi do primeiro Projeto que ajudei a implantar em São Miguel para retirar da Rua as crianças em condições de vulnerabilidade”, conta ele, visivelmente emocionado.
Como isso começou, perguntei: “Há muitos anos eu estava em frente ao Supermercado Aurora, hoje Mercado Itaipu - e via todos os dias muitas crianças na Rua sem ter o que fazer . Uns eu já os conhecia e sabia do perigo que estavam correndo. Um dia, reuni uns 10 deles e perguntei por que viviam assim”, conta.
“Eu vi que o problema de um era praticamente o problema de todos. Eles não tinham o que fazer em termos de lazer e recreação tendo em vista que no Bairro onde eles moravam não existia quadra de esporte e nem um campinho para baterem uma bolinha - muitos deles, os pais não tinham a menor condição de ampará-los - faltava inclusive o básico em casa para fazerem as refeições”, revela.
“A grande maioria nem a escola frequentavam. Conversei com o professor Henrique e ele levou a minha preocupação para o seu Armando e em questão de dias, nós já estávamos com dezenas de crianças praticando esporte e a família recebendo uma Cesta Básica todo mês com o compromisso de que os filhos tinham que ir para a Escola”, acrescenta.
E o que houve? Por que parou? Emocionado, baixou a cabeça e preferiu desviar o assunto. Juvenal faz parte daqueles que só fala mal de alguém, se o vivente estiver na sua frente para se defender. Uma pessoa digna, bem acima da média. Hoje, aos 53 anos de idade, vive ao lado da sua esposa Janete e ajuda planejar o futuro dos seus dois filhos.
Nas fotos abaixo, confira um pouco do seu museu particular. O gostoso mesmo é visita-lo, onde ele faz questão de mostrar a sua coleção e contar em detalhes como conseguiu ou conquistou e, em certos casos, como os achou. Um desses casos, por exemplo, é uma coleção de nove troféus de primeiro lugar que estão na sua coleção dos quais ele ajudou a ganhar como atleta. “Certo dia, em visita a uma Associação da nossa cidade, ao olhar num canto, lá estavam esses noves troféus amontoados debaixo de caixas, tábuas e uma série de quinquilharias que estavam prestes a irem tudo para o lixo”, relata.
“Perguntei ao responsável por que daqueles troféus estarem jogados no lixo. E ele me respondeu que não tinha mais espaço e que se tratava de coisa velha sem valor. Meus olhos se encheram de lágrimas. Peguei os troféus, limpei, engraxei e hoje estão aí”, conta apontando para a estante.