O Centro de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Cepecon) da UNILA divulgou o levantamento da variação dos preços da cesta básica, em Foz do Iguaçu, durante o período de paralisação dos caminhoneiros. Conforme o boletim, a maior variação foi observada no repolho, com aumento de 175%. A batata aumentou 169% em cinco dias de greve. Já os preços do tomate e da cebola tiveram um aumento de cerca de 68% e 56%, respectivamente.
A coleta de preços foi realizada no dia 21 de maio, primeiro dia da greve, e na sexta-feira (25), em seis supermercados de Foz do Iguaçu. “Todos os produtos da cesta básica apresentaram variações na semana da greve, como ocorre normalmente em uma semana qualquer. No entanto, alguns produtos variaram positivamente muito acima do normal, principalmente os perecíveis como hortifrúti e carnes”, destacou o coordenador do Cepecon, Henrique Kawamura. Para ler o Boletim na íntegra, acesse http://cepecon.com/.
Entre as frutas, a banana-caturra aumentou 88,8%, assim como a laranja (87%) e o mamão (34,1%). O preço do ovo variou positivamente em pouco mais de 45%. Nas carnes, a costela bovina aumentou 8,2% e o acém, 7,2%. A pesquisa não conseguiu registrar variação de alguns itens – como cenoura, frango resfriado, músculo e ponta de peito –, que estavam em falta em alguns supermercados na sexta-feira.
O boletim ressalta que a maioria dos produtos ofertados para os consumidores no período da greve era oriunda do estoque dos próprios supermercados, que já se encontravam no fim. “A economia brasileira é essencialmente dependente do modal rodoviário. Os efeitos da paralisação foram sentidos instantaneamente. No caso das carnes, o impacto só não foi maior por causa do abastecimento de frigoríficos da cidade”, disse. Kawamura explicou que produtores locais também estavam abastecendo os mercados com produtos de hortifrúti, porém a oferta não foi suficiente para atender a todos os locais de compra. Na quarta-feira (23), a Ceasa de Foz do Iguaçu, por exemplo, já estava com 90% de desabastecimento de frutas e legumes.
Cesta básica aumentou 2,9% em maio
A paralisação dos caminhoneiros impactou diretamente no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Foz) do mês de maio, que apresentou um aumento de 2,9% em relação ao mês anterior. Este é o maior índice desde que o IPC-Foz começou a ser calculado pelo Cepecon, em setembro de 2017.
A maior variação foi observada no preço da cebola, que aumentou 73,4%. Desde o final de abril, o preço da cebola estava subindo devido ao fim da safra. Além disso, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia da USP, na semana da greve, os produtores desaceleram a colheita, podendo, assim, impactar os preços mesmo após o fim da paralisação. A batata aumentou cerca de 28% no período e o tomate, 18,2%, devido à queda da temperatura que influenciou a maturação do fruto.
Entre as hortaliças, a maior variação foi da alface (9,9%); e entre as frutas, a melancia aumentou cerca de 87%, seguida do mamão (3,38%). Em contrapartida, a banana-caturra reduziu cerca de 29% com o início da colheita na região do Vale do Ribeira (SP) e em Santa Catarina.
No item das carnes, a costela bovina apresentou elevação nos preços de 16%, seguida da paleta bovina (10,8%) e da carne de porco (5,31%). No entanto, outros tipos de carnes apresentaram queda nos preços. O contrafilé diminuiu cerca de 3,2%, assim como o patinho (-6,1%). O aumento na carne suína provavelmente impactou nos preços de seus derivados industrializados. A linguiça, por exemplo, aumentou 9,8% e a mortadela, 20,8%. Entre os leites e derivados, apenas o iogurte apresentou aumento, com cerca de 11%. O leite UHT reduziu 6,6%. O leite em pó (-4,5%), o queijo (-4,7%) e o leite condensado (-6,8%) também apresentaram queda.
Foto - Levantamento apontou que produtos perecíveis variaram positivamente muito acima do normal, desde o início da greve