Rosita Capelo Fonteles
Onde erramos no país da corrupção? Talvez em vários aspectos que merecem reflexão para não continuarmos gerando novos corruptos. Observe sutilmente a presença da recompensa na formação do corrupto.
Em casa alguns pais quando não conseguem educar os filhos conscientizando de suas obrigações, direitos e deveres, apelam para a recompensa. Se o filho passar de ano ganha um premio, algo que o filho queira. A criança por sua vez aprende a valorizar a recompensa, ignorando seus deveres e obrigações. Em situação de violência domestica, depois da agressão, algumas vítimas são presenteadas por seus agressores. Falta o respeito, mas vem a “recompensa” pelo silêncio ou pelo perdão da vitima.
Nas instituições de ensino o papel do educador é de facilitar a aquisição de novos conhecimentos e não mentir ou enganar alunos, alguns podem pensar que assim estarão criando dificuldades que vão fortalecer a resistência dos mesmos. Assim como encontramos também educandos tentando enganar educadores para se beneficiarem. Mas onde não existe verdade dificilmente haverá bom resultado. O que fortalece o lado luz da pessoa é o amor, a verdade e exemplos de virtude.
Com os maus exemplos posteriormente, no mercado de trabalho, o educando pode seguir com a mesma conduta, faltando com a verdade e supervalorizando as recompensas. Se vende, sem se preocupar com o certo ou errado. Se um superior comete um delito ele se cala e aceita as recompensas pelo silêncio, passa a agir de acordo com as compensações. Mas quem aceita recompensa por algo que acredita ser errado não se respeita.
Na nossa sociedade não é de se admirar que hoje o governo precise oferece recompensa por denuncia de corrupção. Se houvesse consciência de que se deve fazer o que é certo, se denunciaria o errado sem precisar de recompensa. O comportamento do corrupto é desrespeitoso e se apoia na recompensa, na chantagem, em uma negociação que fere a dignidade humana e promove a violência.
O adestramento de um cão, por exemplo, também se faz através de recompensa, quando o cão faz o que o adestrador quer ele é recompensado, e a repetição é a chave do adestramento. Apesar dos exemplos de corrupção se repetirem frequentemente na nossa sociedade, através da reflexão e consequentemente da compreensão é possível mudar, favorecendo assim a formação do caráter de um cidadão de bem. O nosso racional nos difere dos animais irracionais, não somos cães, precisamos refletir e exigir RESPETO.
Provavelmente em vários momentos ao longo da formação do brasileiro estamos errando, em casa, nas instituições de ensino, na sociedade, e perpetuando a formação de corruptos. Então vale lembrar a campanha da Globo: “Tudo começa pelo Respeito”. Por um Brasil sem corrupção: Respeito SIM, Recompensa Não.
Rosita Capelo Fonteles
(rosita_fonteles@hotmail.com)
Março / 2019