Comemoramos, dias atrás, os 50 anos da conquista da Lua, ocorrida em 20 de julho de 1969, com o pouso da Águia, o módulo lunar da Apollo 11. Neil Armstrong consagrou-se o primeiro humano a colocar os pés em outro corpo celeste que não a Terra. A rigor, ele e Buzz Aldrin foram os primeiros astronautas, depois, outros dez pousaram na lua. Os demais deveriam ser chamados de cosmonautas.
As visitas à Lua encerram com a Apollo 17, em dezembro de 1972. Além do altíssimo custo, os danos à saúde acabaram com o sonho espacial das superpotências. A Rússia investiu em suas estações espaciais e acumularam conhecimento médico da sobrevivência do ser humano nas condições espaciais, aliás, ciência necessária para uma aventura em Marte.
Passaram-se 50 anos e a NASA volta-se novamente para a Lua, com objetivo de levar uma mulher para a Lua. E nada mais emblemático do que batizar a missão com o nome da irmã gêmea de Apolo: Artemis. O Programa Artemis envolve parceiros comerciais e outros países para estabelecer uma base na Lua, criando uma economia lunar. E tendo em vista Marte.
Em 2005, o Presidente George W. Bush aceitou o Projeto Constellation da NASA, que durou de 2006 até 2009 e planejava o retorno à Lua em 2020. Previu o desenvolvimento de dois veículos de lançamento de carga pesada chamados de Ares I e Ares V e o Orion Crew Exploration Vehicle. Em 2008, Barack Obama foi eleito e não aprovou o orçamento pretendido para a missão, cancelando o Projeto.
Em 2017, o governo Trump criou a campanha Lunar para utilizar várias naves como a Orion, a Lunar Orbital Platform-Gateway e módulos lunares comercialmente desenvolvidos. A NASA planeja gastar de US$ 20 a 30 bilhões com o projeto.
Em maio daquele ano, a NASA fez um pedido de informação (request for information) sobre a capacidade de provedores comerciais dos Estados Unidos de lançar cargas para a Lua. A partir daí, a NASA criou o programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) em março de 2018, com o objetivo de enviar pequenas missões de pouso, de pelo menos dez quilogramas, para a superfície lunar até o final de 2021. Propostas para cargas de 500 e 1000 quilos também serão considerados.
Em maio deste ano, a NASA anunciou as três empresas selecionadas para a empreitada. A Astrobotic tem um contrato de US$ 79,5 milhões para transportar mais de uma dúzia de cargas para o lado mais próximo da Lua até 2021, a Intuitive Machines tem US$ 77 milhões para fazer cinco viagens de carga útil e a Orbit Beyond tem US $ 97 milhões para transportar até quatro cargas úteis para uma planície de lava até 2020.
A Orion é uma nave feita em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA) com o objetivo de levar astronautas para além da órbita baixa da Terra (LEO), como parte do programa Artemis. A missão Artemis 1, planejada para junho de 2020, voará para a Lua sem tripulação e voltará para a Terra.
A missão Artemis 2 será a primeira missão tripulada, com quatro astronautas em 2022 num sobrevoo de trajetória livre ao redor da Lua numa distância de 8900 quilômetros. E a Artemis 3, em 2024, o primeiro pouso tripulado no Polo Sul.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.