Um dos temas mais caros às entidades e pessoas que sejam humanitárias é a fome mundial e as iniciativas de combate, ou seja, sua solução. Eu sempre estive atento a isso, desde criancinha. A fome sempre pareceu ser mais um problema econômico e de logística do que realmente da escassez de alimentos. Antes de esmiuçar alguns aspectos, preciso relatar o que vi e aprendi.
Na cidade de Catanduva, Estado de São Paulo, onde vivi parcialmente desde bebê até os 45 anos e que esperava viver a vida toda, conheci um músico que era também um filósofo com algumas intuições geniais, o seu Dito. E uma intuição dessas era que as casas que o governo faz para os pobres deveriam ser entregues com algumas árvores frutíferas plantadas, pois mesmo que o chefe familiar venha a tornar-se um drogado e abandone suas obrigações familiares, sempre haveria um complemento alimentar na própria residência.
A verdade é que essa sugestão nunca foi aceita por nenhuma autoridade. E não parece ser uma ação cara ou complicada, hoje em dia há muitas empresas que produzem árvores frutíferas em vasos e o cultivo de hortaliças é muito simples e fácil. Creio que os prefeitos, governadores e presidente poderiam determinar a seus assessores para implementar um projeto que contemple isso.
Eu mesmo tenho feito algumas experiências para produzir algum tipo de alimento em pequenos ambientes. Iniciei cultivo de tomatinhos em vasos com excelente resultado. Então, passei a produzir meus vasos usando garrafas de refrigerante de dois litros. Daí, passei a produzir uma mistura de terra com pó de café que iria para o lixo com cascas de ovos trituradas em um pilão de cozinha.
Plantei cebolinha usando as raízes que vem nos pés de cheiro verde e salsa comprando as sementes. Fico muito feliz quando tempero meus bifes de contrafilé usando o cheiro verde dos meus vasos com terra de sucata. Essa é um ensinamento extracurricular que as escolas poderiam ensinar as crianças desde tenra idade.
Árvore plantada em vaso também é uma atividade que tem me interessado. Resolvi eu mesmo fabricar meus vasos utilizando sacos de chão de algodão e cimento. A grama aparada forneceu o material fazer o meu composto biológico e as sementes das frutas que consumi geraram as plantas que cultivei, como abacate, laranja lima, limão e tangerina. Também já plantei papaia em pequenos espaços com resultados excelentes e deliciosos.
Na renomada revista científica Science, Thomas Crowther, professor do departamento de Ciências do Meio Ambiente do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, publicou o trabalho acadêmico “The global tree restoration potential”, em que propõe plantar um trilhão de árvores para retirar o excesso de gás carbônico na atmosfera. Cada ser humano teria que plantar mais de 140 árvores. É o contrário do que os brasileiros têm feito com a Amazônia e seus rios aéreos.
Se cada um cultivar hortaliças e tomates nos apartamentos e frutíferas em vasos, já ajudaria nessa conta, além do meio ambiente e dos que se alimentariam com essas plantas. Favoreceria a economia também. Senhores políticos, o tempo urge!
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.