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Ondas para não surfar
  Data/Hora: 8.dez.2020 - 13h 28 - Colunista: Cultura  
 
 
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Por Mario Eugenio Saturno,

 

Antes de aprender cientificamente o que era uma onda, aprendi tecnicamente em um curso técnico de eletrônica por correspondência em 1.978. Aprendi que onda era uma variação mecânica, elétrica ou eletromagnética, caracterizada por um vale e um pico, e um comprimento, definido entre os picos, embora possa ser entre os vales. O inverso do comprimento é mais conhecido entre nós como frequência. Na eletrônica, a onda pode ser senoidal, triangular, quadrada, e tantas outras formas.

 

Para a tecnologia dos aparelhos eletrônicos, interessam as ondas regulares, com frequências fixas, utilizadas na transmissão da informação, que é composta de ondas de frequência irregulares, que mudam o tempo todo, como nossa voz ou uma música, ou ainda de uma imagem da televisão que nos encanta há quase um século. É claro que a informação contida no som de nossas vozes não é tão irregular assim, seguem padrões, os fonemas, compostos de vogais e consoantes, no caso da música, de notas musicais e suas harmônicas. O som totalmente irregular tem outro nome: ruído!

 

Todos nós temos experiências com ondas desde o nascimento, o som, a voz e a música, que nos traz o conceito de afinação. Nossa visão também é uma experiência com parte do espectro eletromagnético, ondas que contém uma parte elétrica e uma parte magnética, que compõem as ondas do rádio e telecomunicações até o infravermelho, passando pelas ondas visíveis que compõem o arco-íris e seguindo pelo ultravioleta, raios-X, Gama, etc.

 

Temos a experiência de ondas ainda quando atiramos uma pedra em um lago calmoso, mas em uma piscina, testemunharemos a reflexão da onda. Se estivermos no mar, veremos a onda vir, subimos e descemos, mas sem sair do lugar.

 

Ainda vemos onda em uma corda nas mãos de crianças pulando corda, ou com uma das pontas soltas, como em um chicote de vaqueiro. Ou ainda, presas e esticadas em um violão onde vibram e geram notas musicais.

 

As ondas ainda aparecem quando se desenham gráficos dos dados de fenômenos naturais, por exemplo, idade da população, mortes por gripe H1N1, peso, etc. Formam uma curva estatística chamada de Normal ou Gaussiana, uma homenagem ao matemático Carl Friedrich Gauss. Mas essas curvas não são exatamente ondas.

 

Quando se traçam os gráficos de contágio e mortes de doenças graves, observa-se um crescimento, uma inversão, no pico, e uma queda que lembra uma onda. A gripe espanhola teve uma segunda onda de contágio e mortes muito pior que a primeira onda. Por isso, muitos cientistas ficaram prevendo uma segunda onda para a Covid-19. Por que isso ocorre?

 

Na maioria dos países, que tem um povo mais culto e ordenado, com governos astutos, especialmente localizados na Europa, quando se observou a gravidade da doença contagiando sem controle, decretaram “lockdown” e o contágio e mortes praticamente zeraram.

 

Outros países, com governos estultos, como Brasil, Rússia e México, por fazer uma quarentena mal feita, não zeram as mortes e novos contágios, a segunda onda inicia antes do fim da primeira, somando ondas, algo comum na Eletrônica. E há países, como Estados Unidos e Irã, que mostram estar passando por uma terceira onda.  Nem precisa de calculadora para ver.

 

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

 

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