Por Mario Eugenio Saturno,
Diversas pesquisas estão mostrando dois aspectos preocupantes das vacinas: a perda da eficiência com o tempo e para idosos e imunodeficientes. A necessidade de uma dose extra ou de reforço de vacinas mostra-se evidente. É óbvio que o governo Britânico já sabia que a eficiência da Astrazeneca cai drasticamente após poucos meses. O mesmo para o governo israelense, com a Pfizer, quanto ao governo paulista, com a CoronaVac.
O "Mistério" da Saúde, agora, pretende fazer uma terceira dose com as vacinas Astrazeneca e Pfizer, sem estudos, que eu conheça, de intercambiar a CoronaVac com essas duas vacinas. Se em tese funciona, o povo idoso será cobaia de uma tese não testada?
A Science Magazine, em 16 de agosto último, publicou "A grim warning from Israel: Vaccination blunts, but does not defeat Delta" que mostra que Israel adotou a terceira dose apesar de ter um dos níveis mais altos de vacinação do mundo para COVID-19, com 78% dos maiores de 12 anos totalmente vacinados, a grande maioria com a vacina Pfizer. No entanto, o país registra agora uma das taxas de infecção mais altas do mundo, com quase 650 novos casos diários por milhão de pessoas. Em 15 de agosto, 514 israelenses foram hospitalizados com COVID-19 grave ou crítico, sendo que 59% estavam totalmente vacinados, e desses, 87% tinham 60 anos ou mais.
E ainda mostrou que a proteção contra a infecção por COVID-19 durante junho e julho caiu na proporção do tempo desde o momento da vacinação. As pessoas vacinadas em janeiro tiveram um risco 2,26 vezes maior de infecção do que as vacinadas em abril. Deve-se ressaltar que os israelenses mais velhos, com o sistema imunológico mais fraco, foram vacinados primeiro, como no Brasil.
E ainda cita outro estudo pre-print "Impact of Delta on viral burden and vaccine effectiveness against new SARS-CoV-2 infections in the UK" que compara a eficácia das vacinas Pfizer, Astrazeneca e Moderna contra novas infecções por SARS-CoV-2. A variante Alfa apareceu em 1º. de dezembro de 2020, e durou até 16 de maio de 2021 quando apareceu a Delta que dominou o Reino Unido em 1º. de agosto. Pesquisaram 358.983 indivíduos em domicílios selecionados aleatoriamente no Reino Unido, através de 811.624 visitas. E descobriram que a eficácia de Pfizer e Astrazeneca foi reduzida com a variante Delta contra infecções com sintomas ou alta carga viral. Apenas uma dose dessas vacinas protege pouco contra infecção sintomática, com a variante Delta, apenas 31% no total, e com a variante Alfa, 49%. Por isso, tem que acelerar a segunda dose das vacinas.
O estudo brasileiro "Effectiveness of Vaxzevria and CoronaVac vaccines in Brazil", em pré-print, quase todos os autores ligados à Fiocruz (ai, ai, talvez explique a visão negativa do concorrente e talvez eu escreva um artigo sobre esse paper), mostra que a CoronaVac tem eficiência de 54,2% contra risco de infecção, 72,6% de hospitalização, 74,2% de Admissão na UTI e 74,0% de risco de morte. Excelentes números, se lembrarmos que foi a vacina predominante até março, que vacinou os mais idosos e passou os seis meses sem reforço.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.