Por Mario Eugenio Saturno,
Em 2046, os eventos climáticos mostraram que os cientistas estavam errados, foram mais otimistas do que a realidade se mostrou. A agricultura de todos os países entrou em colapso. E o Brasil que poderia ser o único país do mundo a manter sua agricultura em boas condições por causa dos rios aéreos da Floresta Amazônica, também capitulou, afinal, sem floresta, sem rio voador.
Ao atingir o limite sem retorno, ou seja, de 20% de desmatamento, as áreas já secas de Rondônia expandiram para a Bolívia, para o Acre, Mato Grosso, Amazônia e Pará, tornando a Floresta Amazônica mais seca e sujeita a incêndios naturais. O fim dos rios aéreos secou o Centro-Oeste, o Sudeste e o Sul, tornando essas áreas sujeitas a queimadas naturais, destruindo o solo, a agricultura, pecuária e tudo o mais.
O "apocalipse" da civilização não foi zumbi! A notícia da capitulação da produção de alimentos levou milhões a saquear supermercados e armazéns. Inicialmente, a polícia tentou manter a ordem, então foram mobilizados os soldados do Exército que conseguiram impor algum controle após a morte de milhões de pessoas. Em alguns países, mais populosos e pobres, com poucas reservas de alimentos, as Forças Armadas foram dizimada.
Iniciou-se a invasão dos países ricos, ou o que sobrou deles. Nem a mais fantástica máquina de matar dos Estados Unidos estava preparada para enfrentar as centenas de milhões de famintos subindo pelo México.
Na Ásia, no entorno da fronteira da China e Índia, onde habitavam mais de 3 bilhões de pessoas, os satélites, espiões ou civis, testemunharam o uso de artefatos nucleares para conter a horda de famintos que se aglomeravam e estavam a ponto de atravessar fronteiras.
Com os estoques contados, os poderosos começam a matar todo e qualquer ser humano fora do clã. Ou cerca de 90% da humanidade teria que ser extinta. Armas de destruição em massa funcionam enquanto se tem massas, depois sobram os desgarrados. E esses consomem tudo que encontram pela frente, destruindo todos os Biomas.
Mesmo aqueles que sempre foram pacíficos e pensaram que viver suas vidas sem envolvimento político, agora têm seus poucos recursos cobiçados por gente muito bem armada. São assassinados como foram tantos indígenas no passado, agora longínquo.
Ao final de anos de conflito entre seres humanos e destes com os recursos naturais, em 2060, os poucos sobreviventes trabalham com pouca tecnologia e com muito sacrifício. Sem a grande variedade da flora e fauna, o planeta está morrendo. Durante as noites, refletem sobre tudo o que aconteceu: como chegamos a isso?
Tudo começara na que ficou conhecida como Rio-92, em 1992, quando foi realizada a primeira conferência sobre o meio ambiente com a participação de representantes de cento e setenta e oito países do mundo. O objetivo era fazer como a primeira e pequena Conferência, de Estocolmo, de 1972, mas com participação global e com metas para salvar o planeta. Em 2021, aconteceu a COP-26, último evento em que se poderia fazer algo efetivo, mas o ser humano preferiu a extinção.