Por Paulo Hayashi Jr.
Um dos casos mais icônicos de vitória por acaso é a do patinador australiano Steven Bradbury que venceu a prova dos 1000 metros de velocidade de patinação no gelo em 2002, nas Olimpíadas de inverno em Salt Lake City (EUA). Todos os concorrentes que vinham à sua frente tombaram na volta final da prova e a medalha de ouro “caiu em seu colo”. Apesar da pequena distância que mantinha com seus rivais, Bradbury era o último colocado até então. O patinador australiano se manteve a salvo justamente por não estar no pelotão à frente. O curioso caso repercutiu de forma que o atleta ganhou tanto uma medalha, quanto um verbo. O verbo "To do a Bradbury" foi criado para expressar uma conquista inesperada quando se tem as mínimas chances.
Todavia, na existência pessoal e humana, as vitórias não são tão fáceis. Apesar de que sabemos o que precisa ser feito ou realizado para melhorar, não raro a postergação ou as desculpas. Nas imortais palavras de Paulo de Tarso (Rom 7:19): "pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo".
A desidentificação com as más inclinações, os vícios e gostos deturpados e a identificação com aquilo que é bom, belo e verdadeiro é passo fundamental para uma vitória consciente. Com isso, torna-se possível alinhar-se com o sucesso de maneira repetitiva, proposital e com conhecimentos. Não faremos um Bradbury, mas um golaço na vida.
Paulo Hayashi Jr. - doutor em administração pela UFRGS. Professor e pesquisador da Unicamp.