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Quando as conversas terminam?
  Data/Hora: 25.abr.2022 - 6h 24 - Colunista: Cultura  
 
 
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Por Mario Eugenio Saturno, 

 

Foi divulgado um interessante artigo: "As conversas terminam quando as pessoas querem?" de Adam M. Mastroianni, Daniel T. Gilbert, ambos da Universidade de Harvard, Gus Cooney  da Universidade da Pensilvânia e Timothy D. Wilson da Universidade de Virginia.

 

A conexão social é essencial para o bem-estar físico e psicológico, e a conversa é o principal meio pelo qual isso é alcançado. E, no entanto, os cientistas sabem pouco sobre isso: como começa, como desenrola e como termina.

 

As pessoas procuram conselhos e dão conselhos, propõem casamento e terminam casamento, arranjam empregos e perdem empregos, passam a responsabilidade, passam o tempo e fazem todas essas coisas trocando palavras. A conversa é universal e onipresente, mas não é simples.

 

Para conversar, as pessoas devem gerar e compreender a linguagem em tempo real, alternar turnos em sequência rápida, inferir o que seus parceiros sabem e querem saber, lembrar o que foi dito e o que não foi dito e muito mais. A conversação é um conjunto de tarefas complexas que parecem simples apenas porque os seres humanos geralmente as executam bem e não percebem quando as executam mal.

 

Embora algumas conversas sejam encerradas por circunstâncias externas, como um ônibus que chega, um sinal de escola toca, o bar que fecha, em outras, as pessoas que decidiram começar a falar também decide parar.

 

Psicólogos, linguistas e estudiosos da comunicação estudaram os “rituais de encerramento” que as pessoas usam para encerrar suas conversas: frases de efeito (“foi ótimo falar com você”), gambitos verbais (“eu tenho um compromisso ao meio-dia”) e sutis transições (“então, de qualquer forma”).

 

Se os interlocutores iniciam uma conversa com o mesmo objetivo, podemos esperar que a conversa deles termine quando eles o alcançarem, e se eles vierem com objetivos diferentes, podemos esperar que a conversa termine quando o primeiro deles o tiver alcançado.

 

Mas encerrar conversas pode não ser tão simples quanto parece. Um dos principais objetivos da conversação é estabelecer e manter relacionamentos sociais, e assim os conversadores normalmente observam uma série de convenções que são projetadas para proteger os sentimentos uns dos outros. Terminar uma conversa quando o parceiro quer continuar uma conversa pode minar relacionamentos.

 

Em dois estudos de 932 conversas, entre conhecidos e estranhos, foi pedido aos participantes que relatassem quando queriam que uma conversa terminasse e estimassem quando seu parceiro queria que terminasse. Os resultados mostraram que as conversas quase nunca terminavam quando ambos os interlocutores queriam e raramente terminavam quando mesmo o interlocutor queria e que a discrepância média entre as durações desejadas e reais era aproximadamente metade da duração da conversa.

 

Esses estudos sugerem que encerrar conversas é um problema de coordenação clássico que os humanos não conseguem resolver porque isso requer informações que normalmente guardam uns dos outros. Como resultado, a maioria das conversas parece terminar quando ninguém quer.

 

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

 
 

 

 

 
 
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