Por Paulo Hayashi Jr.,
A existência nos traz oportunidades para dispor com ênfase em certos aspectos em detrimento de outros. Através de nossos valores, pressupostos e crenças avaliamos e ranqueamos às opções, escolhendo aquilo que queremos. Não raro, damos valor àquilo que é contrário ao necessário e imprescindível ao crescimento e progresso. Valorizar os prazeres da carne e do hedonismo em oposição aos deveres e tarefas faz com que tenhamos uma vida que busca a estagnação e o engano, tal como observado pelo evangelista Lucas (21:34): "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia".
Preparar-se para a partida e deixar um legítimo rastro de obras prósperas e de luzes internas do amor e do conhecimento eram as preocupações dos antigos. As primeiras civilizações destacam a relevância de uma vida digna, honrada e com valores do alto para que o julgamento final do indivíduo pudesse ser afirmativo na travessia do Aqueronte. Pagar o barqueiro com as moedas da caridade e da justiça eram razões fortes o suficiente para levar a pessoa na busca de uma conduta justa e segura de vida.
Por meio de uma conduta reta e moral não haveria temores no final da existência, mas a recompensa e o reconhecimento derradeiro de ter vindo e vencido as armadilhas da Terra da Neblina. A preocupação maior era ser alguém que pudesse olhar para trás com orgulho íntimo e satisfação consigo mesmo. O bem havia valido a pena.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.