Por Paulo Hayashi Jr.,
Quem se conhece bem sabe da sua missão de vida, seus erros do passado e prioridades e, por isso, não se desperdiça. Para Sêneca, filósofo estoico contemporâneo de Cristo, o tempo é um instante e fazer deste momento amizade para sua consciência maior representa sair-se vitorioso da própria vida. A existência deve ter como meta não o descanso, tampouco o descaso. Mas, o esforço constante contra seus vícios, arestas e imperfeições. Neste sentido, já observava Sêneca: "os perigos mortais estão dentro de mim".
Assim, é o domínio interior que retrata a primeira e maior realização do indivíduo. É ser liberto das más inclinações para depois mirar as conquistas e realizações que tragam benefícios e progresso geral. Quem aprende a se dominar controla legítimo corcel de possibilidades que é o corpo carnal.
Mais do que um simples aparato, o corpo humano é o aparelho que o espírito utiliza para angariar as experiências necessárias para o seu polimento e avanço rumo à perfeição. Obter melhor, em original produtividade da existência, o alcance das experiências e conhecimentos que fornecem discernimento, compreensão e simpatia do ser para com todos configura a tarefa basilar. Vencer-se então é a tarefa primária, para depois seguir no mundo como exemplo e inspiração para a transformação dos demais. É ser carta-viva de Cristo, cujas lições e semeaduras baseiam-se na caridade desinteressada, no perdão incondicional e no amor à todas as pessoas e criaturas. Portanto, quem se conhece e faz o bem, expande as luzes da virtude e da felicidade no mundo.
Segues com alegria
Nos encontros e desencontros da existência, há situações que não valem a pena manter nas lembranças. O perdão e o esquecimento retratam estratégias condizentes para seguir com alegria e leveza na vida. Ir em frente e deixar para trás as algemas da dor e do desespero significa escolher o caminho da vitória e do progresso, pois como expressou Shakespeare: "Bem está o que bem acaba". Para isso, é essencial que se expulse do coração os sentimentos amargos para que a colheita futura seja abundante. Jardineiro disciplinado não permite que as ervas daninhas cresçam em torno da preciosa árvore da mente, cujos frutos da caridade e do altruísmo se desenvolvem melhor com prudência e disciplina.
Mais do que buscar a compensação pela dor passada, a reflexão com vistas ao futuro e as bênçãos que estão por vir e que não permitem dividir momentos na consciência com as sombras do pretérito. Ademais, se perdemos em um lado, ganhamos do outro. É melhor sempre ser credor do que devedor na balança do destino.
Quem faz para o outro faz para si mesmo e os bens que depositamos na caminhada da existência representam testemunhas silenciosas de nosso próprio avanço. Por meio da superação dos obstáculos e das dificuldades que crescemos e nos fortalecemos. Evitar as armadilhas da vida, seja uma palavra mal colocada, seja uma atitude impensada, simboliza a maturidade do ser. É a prudência aliada com as luzes de sabedoria do coração. Uma conduta digna de admiração e inspiração aos demais, em especial, àqueles que seguem os passos de Cristo.
Paulo Hayashi Jr - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.