Por Paulo Hayashi Jr.,
Grandes são as conquistas que o ser humano consegue fazer através do trabalho honesto e disciplinado. Todavia, o acúmulo material não deve suplantar os bens do amor e da necessidade do cuidado e ajuda ao próximo. Por maiores que sejam os bens acumulados na Terra, a hora derradeira é passagem obrigatória para todos. Deve ser a desenvoltura do desapego e da caridade como lições bem-vindas, em especial, quando cultivadas de forma calma e regular, sem agendas ocultas ou segundas intenções.
Assim como em cada idade tem sua beleza, em nenhuma fase da vida podemos esquecer de acender as luzes do amor e da caridade. O tesouro dos bens terrenos não deve ser desculpa para evitar o adiantamento moral do espírito. Mais do que o acúmulo do perecível e transitório na existência, devemos nos ater às riquezas legítimas que são dignas daqueles que souberam viver em um mundo-escola.
Não seria o conhecimento edificante e as luzes do amor as conquistas maiores do educandário da terra? Em cada série há lições específicas, assim como os tesouros materiais e o poder podem servir como autênticas lições de equilíbrio e bom senso. É essencial superar a cobiça e a avareza, a vaidade e o falso orgulho superior.
Por outro lado, a riqueza material se utilizada com inteligência pode servir como legítimo ministério de dádivas e distribuição de bênçãos, apaziguando dores e amenizando o sofrimento de irmãos em necessidade.
Quem se torna amigo da abundância material e de sua própria consciência consegue trilhar o caminho de ajudar sem pestanejar. É a vivência de Cristo na terra.
A excelsa caridade
Ajudar sem pestanejar de maneira espontânea e natural, faz parte do desenvolvimento desejado de uma pessoa. De remover obstáculos impeditivos para os que não conseguem suportar o peso ou a orientação para os que já dão os primeiros passos para a proatividade. É desenvolver as obras de Deus, sem esquecer dos compromissos com os valores lá do alto. De buscar o bem geral para todos e a fazer do serviço e do trabalho os caminhos para sua própria redenção. Além disso, por meio das fecundas obras, há o progresso e os benefícios se estendem de maneira generosa e altiva. Não é ser orgulhoso, mas manter a ponderação, o bom senso e a autoconfiança de modo afirmativo na vida. O que possibilita entrar em um círculo virtuoso de desenvolvimento pessoal e realizações, semeaduras certas e colheitas.
A caridade é fruto bendito que sacia a fome e as necessidades dos que precisam, como também planta os frutos vindouros. Com a caridade não é apenas apagada uma necessidade, mas acendido luzes nos corações de quem recebe e doa.
Recebe mais quem faz do que quem recebe, pois o ato de doar e ajudar enriquece a experiência humana de modo peculiar. Mas, o bem se faz sem esperar retornos. Tampouco se espalha aos quatro ventos.
O altruísmo legítimo é silencioso, sem estrondos e sem aplausos. Interessa apenas satisfazer a consciência e a Deus pelos atos. Nada mais justo que a caridade sirva como exemplo de modéstia e outras virtudes relevantes para a ascensão humana, tal como as excelsas lições de Jesus Cristo.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.