Por Paulo Hayashi Jr
A palavra perdão vem do latim perdonare e tem o significado de doar, doação, abrir mão de algo. Quem perdoa passa seu direito de se ressentir, de ficar magoado. Exercer então a indulgência realiza caridade para si e também para o outro. Todavia, mais do que ajudar o outro, quem releva ajuda mais a si, de se limpar como maneira higiênica de manter a saúde e a paz mental. Tristes são aqueles que não perdoam, que não doam e não dão a chance de superar tais sofrimentos. É ficar preso a uma situação ruim, de voltar a reminiscência de certos momentos acreditando que poderia fazer algo diferente. Aceitar o que aconteceu, ceder as dores e renovar-se para que o futuro seja afirmativo na vida são práticas salutares para uma existência feliz.
Nesta grandiosidade que se destaca o mestre Nazareno. Em um tempo ainda impregnado da lei de Talião, "do olho por olho, dente por dente", Jesus Cristo ensinava o perdão e o amor como o caminho correto para a verdade e a vida. Perdoar até setenta vezes sete, pois na imensidão da existência, não sabemos o que já fizemos lá atrás. Na infinitude do progresso, amar é a melhor estratégia e prática para se alcançar a autêntica felicidade. Perdoar e amar são duas facetas de uma mesma moeda, a de Deus. Quem ama perdoa e quem perdoa ama. Mais do que jogos de palavras, o sentimento e a razão que facilitam uma vida repleta de realizações, conquistas e luzes pessoais. Mais do que a riqueza material, as luzes do conhecimento e do amor para adornar nosso brilho, nosso espírito, nosso futuro.
Ressignificação maior
As experiências em um mundo-escola surpreendem pelos desafios diante do aluno, tal como legítimo estímulo ao crescimento. E, por mais preparado que esteja o discípulo, do Getsêmani pessoal ao calvário, a superação dos limites é fator preponderante no progresso. A existência oferta as oportunidades, mas também cobra o compromisso e o esforço.
Por meio das superações e ultrapassagem dos próprios limites, o indivíduo se reinventa e se expande tal como universo em desenvolvimento. Neste sentido, é vital cuidado nos sentimentos e na condição de saber ressignificar as duras lições e obstáculos que provocam o repensar e a saída da rotina.
Quem ressignifica observa com outros olhares a mesma lição. E mais do que o reclamar, julgar ou criticar, a necessidade da tolerância, da conversão da dor em compreensão, da mediação que acalma e possibilita o reequilíbrio e a organização salutar. Mais do que a tristeza no olhar e no coração, a garra para fazer a transformação interna, do romper da casca antiga.
De certo modo, é essencial o refazimento interno, a reforma íntima, o mudar dos velhos hábitos e más inclinações para que o progresso venha sem surpresas.
O futuro de paz, tolerância e equilíbrio só é possível a partir do momento que a pessoa deixe os antigos hábitos da violência, do "dar o troco", da ação pela raiva. Apenas por meio do perdão e da ressignificação, do amor e da oração é possível neutralizar de vez as dores e a devida transformação em aprendizagem. Cabe a cada um de nós decidir com determinação o prazo para chegar no paraíso almejado.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
Paulo Hayashi Jr