Por Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
Uma vida digna aos olhos de Deus passa pela cortesia humana nos tratos aos seus semelhantes e meio ambiente. Faz parte de uma pessoa de boa índole tratar com dignidade e respeito a todos de modo a considerar suas liberdades e também, necessidades. Amar a Deus em primeiro lugar e aos seus semelhantes em segundo são as duas únicas recomendações do mestre Nazareno em sua passagem pela Terra. Mais do que teorias complexas e de intrigadas dificuldades verbais, o entendimento aqui não é o da razão, mas, a do coração. É essencial o desenvolvimento das luzes da compaixão e do amor para que se possa trilhar o caminho de Cristo. Não é uma tarefa fácil, mas certamente as recompensas da satisfação íntima e da aprovação da consciência faz com que seja algo desejável.
Neste ponto, ser cortês e nobre dos sentimentos, intenções e ações configura passo decisivo para o nosso progresso e amadurecimento. De tratar ao próximo com dignidade para que se consolide em nós a educação esmerada de nossos pais e familiares. A educação e a atitude pedagógica de aprimoramentos e aprendizagens faz com que a pessoa com vontade consiga se melhorar ao longo do tempo. De polir as arestas e de fazer com que o melhor de si surja para o bem de todos. É deixar de lado o ego, a vaidade e o orgulho para usar a roupagem da modéstia, da humildade e do bem querer como símbolos antecipatórios de virtudes maiores. Mais do que os ganhos por acaso, as conquistas eternas pelo esforço diário de transformação e luta contra suas sombras interiores.
A riqueza de Kairós
O tempo, na antiguidade, não era contado somente de forma linear e progressiva. Havia um tipo especial de tempo chamado Kairós que era o momento qualitativo, pessoal e que constituía momentos memoráveis. Por meio da vivência de Kairós, o ser humano colecionava períodos especiais que rompiam com imposição do período cronológico e constituía em refúgios e afagos na existência. Viver de forma a ter boas memórias e de ter guardado consigo tempos pessoais representava maneira salutar de se proteger contra os empecilhos e obstáculos da vivência. O que evita entrar em depressão e de perceber o sentido da vida. Esforçar-se para se juntar a Kairós, seja em ocasiões familiares, seja no cotidiano do trabalho era um modelo de vida feliz.
A felicidade não como a conquista material ou a imposição do ter, mas de viver com a consciência amiga de todos, até mesmo do relógio. As ocasiões, festas e momentos do ano podem acontecer de modo estruturado nas datas fixas do calendário ou até mesmo, em transformar o dia a dia em eventos significativos de amor, tolerância e bondade.
Quem opera no modo Kairós sabe da transitoriedade da vida e que é essencial deixar de lado o ego e o orgulho para se alinhar com uma convivência agradável. É estar no mundo, mas não se perder nele. Sabendo que a existência é uma experiência para aquisição dos conhecimentos e do amor para acender as luzes internas que permita iluminar o bem geral. Ser discípulo do mestre Jesus é ser amigo do próprio tempo, universo, mente e coração.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.