Por Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
A existência é um processo contínuo de aprendizagens e de acúmulo de conhecimentos, talentos e experiências. As lições para o crescimento e transformação pessoal vem tanto de modo ordeiro e benquisto, quanto de supetão. Não raro, são as amargas provações da vida que trarão as lições mais preciosas. É o caminho da superação e da derrubada de antigas más inclinações e viciações que trazem prejuízo e peso à consciência desde longa data. Por isso, guardar o que for somente útil e agradável para as jornadas presente e futuras configura atitude salutar para o próprio indivíduo. Como legítimos acumuladores no tempo, somos seres que se condicionam, ainda que tenhamos o livre-arbítrio. Quem aprende a perdoar e abandonar antigas mágoas se livra de carga indesejável e torna a caminhada mais leve.
Assim, quem aprende a ver toda ocasião como ganho de aprendizagens acelera seu progresso e tem a atitude de gratidão na vida. A felicidade não depende somente dos resultados em si, mas da percepção da jornada como um todo. Possuir o ponto de vista afirmativo distancia o indivíduo de problemas da depressão e da falta de confiança em si. Em outras palavras, torna acessível às conquistas através dos recursos internos da autoconfiança, vontade e gratidão.
Jesus Cristo, ao sugerir a lei do perdão e do amor, coloca em jogo a importância da felicidade para a riqueza do indivíduo. Feliz é aquele que pratica o bem e que ama para alcançar outras realizações maiores para si, para os outros e para o mundo de Deus.
O vaso sagrado
O corpo humano representa o veículo carnal pelo qual transporta o espírito para suas múltiplas possibilidades. É o vaso sagrado que merece cuidados para que o desgaste prematuro não interrompa antes da hora as tarefas necessárias ao cumprimento da boa missão. Higiene, prudência, disciplina, bom senso nas práticas cotidianas são maneiras salutares de preservação do corpo.
Por outro lado, há quem abuse dos excessos de alimentação, de bebidas estonteantes e outras substâncias viciantes como se o banquete da vida fosse o das sensações do corpo. O banquete a que se referia Platão em sua famosa obra e também o mestre Jesus, em seu momento final com os apóstolos, é o festim das oportunidades de realização das obras, pavimentadas com amor. Não o amor carnal, Eros, mas o afeto sublime de Deus e o respeito e amor ao próximo. Ambos são imateriais e não buscam o gozo imediato e passageiro. Mas, algo tranquilo que nos remete a paz da consciência, as luzes do conhecimento, os sentimentos nobres que unem os seres humanos como legítimos irmãos e filhos de Deus. O festim das realizações é algo, não para o corpo, mas para a alma. Todavia, para se alcançar é preciso do vaso carnal para que se tenha condições de chegar nos objetivos superiores desejados. Todavia, quem vive para o corpo não vive para si. Mas, quem existe para seu espírito vive também para cuidar de suas ferramentas. Como expressou o apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso: "Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra" (1 Tess 4:4).