Por Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
O cotidiano corrido, as emergências e problemas que surgem nos deixam muitas vezes sem agradecer de forma correta as pessoas queridas que estão à nossa volta. O tempo escorre e as insígnias da repetição automática nos absorvem. Todavia, ninguém sabe quando cada um será chamado para 'bater o ponto' do lado de lá e que o trabalho neste mundo terminou.
Felizes daqueles que estão em paz com sua consciência e que, a cada dia e oportunidade, agradecem pela presença alheia. Pode ser alguém de quem gostamos ou até mesmo, quem não temos simpatia. Amealhar simpatizantes e pessoas que nos apoiam, mesmo de forma velada, é tarefa para conquistar a felicidade maior. Não o contentamento imediato, mas o legado de deixar uma memória para os outros de uma pessoa digna e nobre. Para si, a tranquilidade d’alma, a certeza de estar bem consigo mesmo e com o mundo.
Viver em equilíbrio dinâmico, em ser o arrimo para os semelhantes, são modos de existir através do esforço do aprimoramento interno e do polimento das condutas externas. A qualidade da harmonia participa tanto da beleza do universo, como também, em nosso interior.
Um dos casos mais ilustrativos da harmonia é o da dopamina. Ela é um neurotransmissor que atua na regulação de diferentes áreas do humor e do prazer. Em excesso, a dopamina se relaciona com problemas de esquizofrenia e, em escassez na depressão, no cansaço e na desmotivação. Por outro lado, em equilíbrio, ela é considerada como o hormônio da felicidade. O equilíbrio maior da existência só é possível com o caminhar com Cristo na vida.
Ação para o bem
A partir do momento que a consciência humana desperta para o bem como o caminho para a vida, há a necessidade de testemunhar na prática sua vivência. Sair do palavrório retumbante para a ação da caridade, em especial nos gestos discretos que não exigem divulgação ou publicidade. É estar de bem consigo mesmo, sem despertar atenção vazia ou superficial. Por meio da ação há a frutificação do ser no mundo, com resultados que beneficiam tanto o ambiente externo quanto a si mesmo. Cabe a cada um, a autonomia e a proatividade em fazer o bem que gostaria que fizessem para ele. É a vivência de Jesus Cristo tanto em seu coração e mente, quanto para o mundo.
O mestre Nazareno deixou autêntico legado de felicidade e de uma vida bem vivida. Sem depender da falsidade da matéria ou até mesmo do poder passageiro do dinheiro, da fama ou de cargos. O fundamental é a caminhada ante o progresso do indivíduo, a paz de espírito, a amizade sincera, o amor benquisto que enriquece de maneira atemporal seus benfeitores. Mais vale amar e perdoar para ser feliz do que colocar a felicidade nas posses materiais e no poder. O verbo ser é a conjugação do indivíduo pleno de suas responsabilidades e potenciais. Já os que se acercam do vazio interior, buscam a plenitude exterior da posse e do verbo ter.
Quem age para o bem consegue amenizar a secura interna e a curar as feridas d’alma que tanta intranquilidade traz para os que ainda carecem de um abrigo dentro de si. A caridade como a provisão bendita que mata a sede e a fome do amor de Deus.