Por Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
As palavras têm poderes, as quais precisamos estar cientes e fazer uso adequado das mesmas. Por meio delas construímos o mundo ao qual nos adaptamos. Assim, a Bíblia nos recorda da condição inicial do verbo e até mesmo o poder da palavra de gratidão e do perdão, os quais influenciam de modo intenso a qualidade da existência. Por meio da comunicação, não apenas interagimos uns com os outros, como também conosco mesmo. Nossas conversas íntimas que auxiliam na construção de padrões de pensamentos, ideias e até mesmo, atitudes e ações.
Palavras podem agir tanto no sentido positivo, quanto no destrutivo. Neste último caso, lembramos das observações do apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso: "Evite as conversas inúteis e profanas, pois os que se dão a isso prosseguem cada vez mais para a impiedade" (2 Tim, 2:16). Evitar o falatório, a intriga que contamina, a fofoca que alastra para impedir distúrbios desnecessários. Neste sentido, é vital lembrar da regra das peneiras utilizadas por Sócrates, o grande filósofo ateniense. Antes de comunicar algo e deixar público, é preciso que a informação passe por três peneiras. A peneira da verdade, da bondade e da utilidade. A informação é verdadeira ou não? Se não for, deve ser descartada. É algo bom? É útil? As três peneiras funcionam como legítimos higienizadores do ambiente e das relações, evitando a contaminação por sujeiras e ruídos. Quem sabe da importância da comunicação semeia apenas palavras justas e que tragam a paz, o esclarecimento e o conforto mental para os envolvidos
Marcas do tempo
A existência escorre como areias na ampulheta do tempo. Para quem fica parado, as horas podem parecer iguais, mas não são. Todo momento é sagrado e a conquista da vitória com merecimentos se faz pelo trabalho e dedicação que se realiza. Agir é o melhor caminho do que esperar soluções mágicas ou milagres, pois apenas avançando com os próprios esforços que as nuvens carregadas se dissipam. Mais do que a busca pela felicidade externa à satisfação consigo mesmo. É a paz de consciência que observa atentamente as marcas de Cristo em cada um de nós. Nas sagradas palavras de Paulo de Tarso: "Sem mais, que ninguém me perturbe, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus" (Gálatas 6:17). É o sacrifício para o bem estar geral.
A existência carnal é um breve capítulo no livro espiritual de cada um de nós. Por meio dela, colhemos experiências, desenvolvemos as habilidades e a inteligência necessárias para distinguir o certo do errado. Pela disciplina ao trabalho também aprendemos a ser produtivos e úteis. O que seria do universo se os astros resolvessem não mais trabalhar? O que seria da vida na Terra se o Sol deixasse de brilhar? A chuva é para todos, mas apenas aqueles que conseguem ver a beleza por trás da matéria têm condições de apreciar em toda sua extensão as qualidades da vida. A bondade de Deus é estender para nós a capacidade de cocriadores e de realizadores de nosso próprio destino. Devemos estudar e trabalhar para que o tempo venha com as marcas da recompensa e do dever cumprido.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.