Por Pedro Cardoso da Costa - Interlagos-SP,
Existe um consenso de que a educação é o vetor essencial para o desenvolvimento de um país. No entanto, o Brasil ainda está distante do patamar de país desenvolvido. O exemplo mais evidente é a existência de mais de onze milhões de analfabetos absolutos, pessoas que não sabem sequer assinar o próprio nome.
Além da educação, em outras áreas do conhecimento também não avança. Na indústria, nossa posição em relação aos países desenvolvidos se tornou irrelevante. O problema maior, além da estagnação que se arrasta por décadas e até séculos, é o conformismo. Há uma aceitação passiva do atraso, sem reação, sem projetos consistentes para mudar essa realidade.
A ausência do Brasil em premiações de destaque mundial reflete esse cenário. O Prêmio Nobel, concedido desde 1901, segue inalcançado. Em 125 anos, o país não conquistou nenhuma de suas categorias. Enquanto isso, a Argentina já acumula quatro prêmios, tendo recebido o primeiro em 1936, com Carlos Saavedra Lamas na categoria da Paz. Peru, Chile e Colômbia também foram reconhecidos na área de literatura.
No cinema, o Oscar é a mais relevante premiação da indústria cinematográfica. Apesar de quase um século de existência, o Brasil só conseguiu sua primeira indicação nas categorias de melhor filme agora em 2025, e de melhor atriz há 25 anos. Um desempenho que evidencia a falta de investimentos e estrutura na área.
Nos esportes, o atraso também é evidente. Os Jogos Olímpicos tiveram sua primeira edição em 1896, mas o Brasil só estreou em 1920, conquistando três medalhas, incluindo o ouro de Guilherme Paraense na prova de tiro com pistola 50m. Já nos torneios de tênis, com mais de um século de história, o Brasil acumula dez títulos em Grand Slams. Sete foram conquistados por Maria Esther Bueno (três em Wimbledon e quatro no US Open) e três por Gustavo Kuerten, todos em Roland Garros. Além disso, ainda não há um brasileiro campeão do Aberto da Austrália.
Além da ausência em prêmios e conquistas esportivas, o Brasil nunca teve um Papa, nem ocupou o cargo de Secretário-Geral da ONU. Essas lacunas são reflexo da falta de um projeto estratégico de desenvolvimento.
Um dos exemplos mais claros de que as vitórias esportivas do país são fruto de esforço individual e não de um projeto esportivo estruturado foi a edição dos Jogos Olímpicos de 2000, na qual o Brasil não conquistou nenhuma medalha de ouro, ficando claro que o desempenho do Brasil foi ainda pior do que há quase um século, pois sequer conquistamos uma medalha de ouro. É preciso reforçar a necessidade de valorização dos atletas vencedores e, ao mesmo tempo, de uma cobrança constante sobre as autoridades públicas e a iniciativa privada, que tem participação tímida, respaldada por uma cultura de dependência do Estado.
Para que o Brasil se torne grande, é preciso, antes de tudo, pensar grande. Agir para alcançar esse status e buscar posições de destaque com naturalidade. Vibrar por uma indicação ao Oscar ou por uma vitória na primeira rodada de um Grand Slam é compreensível, mas celebrar essas conquistas como feitos extraordinários é assumir uma inferioridade diante da comunidade internacional. O Brasil precisa mudar essa mentalidade para, de fato, se tornar grande.