João Maria Teixeira da Silva - “...O garoto, pelo visto, louco para fazer parte da chapa da Executiva, não teve dúvidas: traiu a confiança dos companheiros, protocolou o ofício, armou a bomba relógio e não se lembrou do seu próprio pé, no caso, do seu próprio caráter, da sua própria honradez”.
Muitos falam mal da mídia – felizmente, a grande maioria ainda vê nas salas de redação um foco de luz que traz no seu bojo esperança e redenção. Um dos exemplos atuais é o que está acontecendo atualmente com o julgamento do “Mensalão” no Supremo Tribunal Federal.
Se não fosse a determinação de grandes jornalistas de fato e de direito que fazem da sua profissão um ato de cidadania, nada disso estaria acontecendo. A prova cabal do que estou dizendo, é o que disse o presidente do Congresso esta semana, quando perguntado ao vivo e a cores nos corredores sobre o trabalho do Supremo nesta questão.
“Não tenho nada para falar sobre isso. No estágio em que está, essa história de mensalão é para jornalista e para quem não tem nada o que fazer na vida...” Uma declaração como essa, vinda de onde veio, preocupada, afinal, é dali que nascem os projetos e se aprovam as Leis que dizem respeito a liberdade de imprensa, e a garantia dos nossos direitos.
Acredito que o jornalista teria muito mais sucesso em sua entrevista com o nobre presidente, se pedisse para ele falar sobre Mahmoud Ahmadinejad, Hugo Chaves, ou de outros regimes que abominam a liberdade de imprensa. Mas esse assunto, fica para uma próxima oportunidade – o papo hoje é sobre o título acima, um assunto local, atual e pontual que diz respeito ao nosso dia a dia.
A pergunta que não quer calar, é: O que levou o vereador, candidato a vice prefeito, a procurar o Ministério Público para denunciar supostas irregularidades da qual ele participava e se locupletava (como muito bem descreve o Promotor em sua ação), dando um tiro no próprio pé, como se diz na gíria. Com certeza ele vai ter muito espaço na mídia, vai dar entrevista, e lógico, contar a sua versão.
Mas, sempre vai ficar alguma coisa no ar: Porque fez isto? Insanidade mental? “Alguns psiquiatras concluíram que a insanidade tem o poder de incitar a criatividade, mas, no caso de demência, há uma deteriorização tão calamitosa do córtex que você se pergunta de onde poderia estar vindo esse tipo de reação, esse tipo de comportamento”. Pelas atividades que exerce, essa hipótese deve ser descartada. Ele não é demente.
Porque fez isto? Ignorância? Até pode ser. E essa opinião não é só minha, mas quase que uma unanimidade entre as diversas pessoas com as quais conversei essa semana. O que ocorre (e isto já era de conhecimento de todos e vinha sendo tramado há muito tempo nos bastidores), é que a preocupação não só deste Garoto, mas de outros intelectuais, era de que precisava fazer alguma coisa para barrar a popularidade do presidente da Câmara.
Numa cidade como a nossa, de cerca de 25 mil habitantes, os passos e as pegadas, principalmente em ano eleitoral, são visíveis, e basta ter um pouco de discernimento para desenrolar os fios que compõe esse intrincada teia, tecida e aquecida nos bastidores políticos. Se dermos uma recuada no tempo, essa questão fica mais clara – e tudo leva a crer que o seu ato não foi impensado, foi planejado e arquitetado com muita antecedência.
E o que resultou nesse tiro no próprio pé, pelo visto, tem muito a ver com ganância, ignorância e desconhecimento das Leis. Um dos seus amigos próximos, que até bem pouco tempo estava ao seu lado arquitetando e tramando para chegar ao poder a qualquer custo, mesmo não sabendo o que fazer quando lá chegar, foi o seu grande incentivador.
“Quem autoriza as diárias para a participação nos Congressos é o presidente da Câmara e toda a responsabilidade sobre possíveis irregularidades irá cair sobre ele se alguma denúncia chegar ao Ministério Público”, teria dito esse seu amigo e incentivador de filmes de suspenses. O garoto, pelo visto, louco para fazer parte da chapa da Executiva, não teve dúvidas: traiu a confiança dos companheiros, protocolou o ofício, armou a bomba relógio e não se lembrou do seu próprio pé, no caso, do seu próprio caráter, da sua própria honradez.
Vejam vocês que o que estou colocando aqui, alguns poderão achar que são ilações – mas, basta se fazer uma retrospectiva nos fatos para termos essa conclusão. Eu ouvi por diversas vezes, desses aí que se dizem paladinos da moral e dos bons costumes, afirmações como essa: “Devolver mais de um milhão de reais ao Executivo, me desculpe, mas é, burrice. Tem tantos meios de se gastar e comprovar as despesas. Isso é falta de criatividade”.
Ou declarações como essa: “Por detrás dessa moralidade toda, ele está mesmo é escondendo o seu desejo de ser prefeito. Temos que desmoralizá-lo, enquanto é tempo. São Miguel está preste a receber uma bolada de mais de 30 milhões de reais de uma só vez, fruto de uma ação contra a Itaipu. Essa ação já esta ganha em todas as instâncias e a Itaipu não tem mais como recorrer, temos que botar a mão nessa grana”.
Não faz muito tempo, e todos devem lembrar que houve um movimento contra o Legislativo Municipal, com respeito a um possível aumento do número de vereadores. Ou seja, passando de nove para onze vereadores. Pois bem! O vereador que protocolou um ofício solicitando que esse aumento fosse aprovado em plenário, é amicíssimo desse que solicitou ao Ministério Público para que se fizesse essa investigação. E o objetivo na época, era o mesmo – desmoralizar o presidente da Casa.
E porque digo isto? Por que acompanhei de perto na época, tudo o que se tramava nos bastidores. E a confirmação disso que estou falando, veio no dia “D”, no dia da votação. Com a casa cheia, com a comunidade toda presente, com o circo armado, o autor da solicitação, votou contra o seu próprio pedido, empatando a votação em 4x4, forçando o presidente da Câmara a votar, na certeza de que o mesmo iria a favor do aumento do número de vereadores e contra a população.
O tiro saiu pela culatra. Alertado previamente sobre o golpe que estaria sendo tramado, o presidente votou contra o aumento do número de vereadores e a favor da população... Sobre política de bastidores, estamos abrindo o nosso Baú de Memórias...
Fiquem atentos e se deliciem com a nossa redação. Como diz o Dr., através do seu advogado na petição endereçada ao Meritíssimo Juiz: “A legislação colocou freios no jornalismo para barrar certas...” (continua na próxima).
OBS: Para quem está pegando o bonde andando, vale lembrar que essa semana foi notícia em todos os jornais, site e blogs, a ação que a Promotoria do Estado do Paraná abriu contra os noves vereadores e os onze funcionários do Legislativo Municipal de São Miguel do Iguaçu.
Nessa ação, o Promotor solicita por medida cautelar que o município seja ressarcido em mais de Um milhão de reais, por supostas irregularidades oriundas de “diárias pagas” para participações congressuais e até mesmo viagens, segundo ele, sem a devida comprovação, bem como a perda imediata do mandato.
Não só o Garoto a que estamos se referindo nesta matéria (que segundo se comenta foi o autor da denúncia), mas a o pedido é que todos os envolvidos devolvam em até cinco vezes a mais os valores – neste caso específico (esse Garoto), seriam cerca de R$ 66.000,00 que ele recebeu das ditas diárias. Se por ventura o Judiciário achar procedente essa ação da Promotoria, ele teria que devolver R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais), além é claro, do que existe de mais precioso no ser humano – o seu caráter, a sua dignidade...