“Vozinho, a minha escolinha está fazendo uma homenagem ao Dia dos Pais, na sede do Lions Clube, hoje. Eu vou dançar. Leve a máquina. Não se esqueça. Você não pode faltar”.
Sem tirar e nem por, foram com essas palavras que a minha netinha com apenas três anos de idade me fez o convite para participar da homenagem aos pais, promovida pela Creche Olímpia Pissollo, onde ela freqüenta, com aquele jeito todo próprio, que só as crianças têm. Vale ressaltar que ela ama de paixão essa Creche que a chama de Minha Escolinha.
Ao vê-la dançando e brincando com as suas coleguinhas na homenagem aos pais, me veio em mente o carinho e o amor com que ela de vez em quando, se refere ao seu Pai, o nosso querido Evandro, meu genro que faleceu a cerca de dois anos atrás, vitima de acidente com apenas 29 anos de idade.
Hoje, ela, sua mãe (minha filha) e o seu irmão Arthur, moram com a gente. Ultimamente não, mas até bem pouco tempo, principalmente nas noites de lua cheia, ela chegava na sacada do apartamento, e ficava contemplando a lua, dizendo coisas do tipo: “Ela está linda hoje. Está iluminando o céu onde está o papai...”
Obrigado pelo convite querida! Acredito que o maior presente que um Pai deve receber nesse dia dedicado a ele, é esse carinho, esse amor incondicional.
Aliás, sobre essas datas importantes, eu prefiro comemorar mesmo o Dia da Maternidade. Explico: Sou adepto do mesmo pensamento do genial escritor, pedagogo e poeta de todas as horas, Rubens Alves.
Num dos seus contos denominado “VITRAL”, ele lembra que a nossa cultura aceita com tranqüilidade a importância da mãe e a insignificância do pai. Descreve que nas procissões da sua aldeia os devotos cantavam: “No céu, no céu, com minha mãe estarei...”
E menino, ainda, se perguntava: “E o pai, se não está no céu, onde estará? E continua: Antigamente os católicos não rezavam ao Deus Pai. Falar com Deus Pai era coisa perigosa. O Pai era um punidor implacável, tão implacável que condenou o seu próprio Filho a morrer na cruz para pagar uma dívida que ele próprio se recusava a perdoar”.
“Mais seguro era rezar para a Mãe. Mãe é arquétipo de amor. Pai é arquétipo de punição. Vejo colocado nos carros: “Deus te vê.” Nunca vi adesivo dizendo: “Maria te vê.”
Esse conto é lindíssimo. Vale a pena conferir, por inteiro. Mas resumindo no final ele diz: “Mãe é um conjunto de perfeições, sacrifícios, abnegações, noites mal dormidas, lágrimas, seios que amamentam. É tão perfeito que não pode ser verdade”.
Assim como o Rubens, eu preferia que em vez do Dia das Mães ou o Dia dos Pais, fosse o dia da Maternidade. “É que, eu não concordo em que o arquétipo de mãe seja monopólio de mulheres que geram e dão à luz. Não concordo que a imagem materna só seja aplicada ao rosto de mulher e corpo femininos.”
Muitos dos homens, entre os presentes nessa homenagem, podemos afirmar que são movidos por um espírito maternal. Eles abraçam, cuidam, protegem, amam os seus filhos.
E continua o poeta: “Mãe não é uma mulher que ficou grávida e deu a luz. Mãe é um sopro misterioso que toca mulheres e homens e cria neles um jeito de dar colo, de espantar o medo, de cantar canções de ninar, de fazer dormir, de abraçar, de agradar, de não fazer cobranças nem pedir explicações, de repreender com severidade e ternura, de consolar em silêncio, de escutar, de respeitar, de conduzir sem empurrar ou puxar.
Ninguém é mãe sempre. Uma pessoa é mãe quando é tomada pelo sopro da maternidade. Pode ser mulher. Pode ser homem. E que o nome desse dia não fosse Dia dos Pais ou Dia das Mães, mas sim, Dia da Maternidade.”
Essa é a nossa homenagem ao Dia dos Pais. Especialmente para você Evandro, por ter nos presenteado com essa Fofura, chamada Agheta. Extensiva, é claro, a vovó Nana, ao vô Jorge, a vovó Gisa e a para vocês professoras, por serem parte da vida dos nossos filhos, dos nossos netos...