Ontem, dia 15 de outubro, Dia do Professor, por várias vezes sentei em frente ao computador com o intuito de escrever uma mensagem parabenizando a classe. Mas, não teve jeito..., por mais que me esforçasse, a impressão era de que alguma coisa havia se rompido momentaneamente entre a mente consciente e o banco de memória, o inconsciente (o espírito).
E quando isso acontece... , quando a inspiração não flui com naturalidade, é porque algo de errado está acontecendo. Não é que você desaprende instantaneamente de escrever. Saíram sim, vários textos, mas nada que em minha opinião expressasse o que eu interiormente sentia que deveria escrever. A alternativa então, foi mergulhar fundo na leitura – se ler é plantar e escrever é colher, então vamos semear...
E passei várias horas revirando dezenas de apostilas se conectando aos pensamentos de vários mestres da Educação e foi com grata surpresa que no final da tarde, tive a leve impressão de que o fio condutor havia se restabelecido. Uma sensação gostosa... É como se o próprio corpo recebesse uma dose extra de energia... Sai para andar, fazer o meu cooper diário ao redor da Praça e a sensação é que estava quase levitando..., livre, leve e solto.
Traduzindo: quando o pensamento está em sintonia com essa energia que brota do interior do nosso próprio ser, sentimo-nos muito mais leve..., e não importa a idade, o corpo se rejuvenesce e mesmo diante de toda e qualquer dificuldade, você cresce. É simplesmente fantástico. Talvez, seja por isso que eu não canso de repetir aos meus filhos e aos meus amigos mais próximos: se eu estiver com a razão, eu não recuo..., usando como arma, é claro, o verbo consciente e consistente.
E o que tem tudo isso a ver com o Dia do Professor? Eu diria que tudo e muito mais... Platão, por exemplo, que nasceu em Atenas na Grécia, por volta de 427 a.C e morreu por volta de 347 a.C, e foi quem concebeu a humanidade o primeiro plano geral de educação e disciplina para a juventude de seu tempo (e dado ao mesmo uma dimensão ética e política), por outras palavras, ele já falava de algo bastante semelhante.
Para ele, “o objetivo final da educação era a formação do homem moral, vivendo em uma cidade virtuosa”. Esse termo: “vivendo em uma cidade virtuosa”, é simplesmente fantástico... “A educação deve proporcionar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter”, dizia ele. Lindo, simplesmente lindo! “Ao longo dos anos, os antigos encontraram uma boa receita para a educação: ginástica para o corpo e música par a alma”, ensina. Genial!
O genial Sócrates, que também viveu em Atenas na Grécia na mesma época (469 a. C a 499 a. C), muito embora não tenha apresentado um plano especial para o setor educacional, nos deixou um legado de virtude e amor que merece ser visto e revisto por todos, em especial os nossos professores, entre os quais essa magnífica pérola: “Conhece-te a ti mesmo”, que em todas as escolas deveria ser tema de redação, anualmente, como forma de conhecer como anda a evolução da classe.
Entre essa e outras, ensinava: “O princípio dos raciocínios é constituído pela essência das coisas do mundo; É sábio o homem que pôs em si tudo que leva à felicidade ou dela se aproxima”. Ao se fazer uma releitura desses grandes mestres, é interessante observar que todos comungavam quase que na mesma linha de raciocínio.
Para Aristóteles, natural de Estagíra na Macedônia que também viveu nesta mesma época, “a educação visa à virtude, ou excelência moral, que corresponderia à idéia de uma razão relativa às questões de conduta”. Essa frase sua, por exemplo, “onde quer que se descuide da educação, o estado sofre um golpe nocivo”, deveria estar presente 24 horas por dia na mente de todos os governantes do mundo. (continua amanhã com a II parte)
João Maria Teixeira da Silva